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Brasil enfrenta alta dos fertilizantes em meio a conflito entre Irã e Israel no Oriente Médio

23 jun 2025, 18:01 - atualizado em 23 jun 2025, 17:31
Irã Israel fertilizantes
(Foto: Reuters/Amanda Perobelli)

Agricultores brasileiros pagarão mais para nutrir a safra 2025/2026, que começa a ser semeada já em setembro no Centro Oeste, uma vez que o conflito IrãIsrael ameaça o fornecimento de insumos e cria problemas logísticos, disseram especialistas.

De acordo com um relatório da StoneX divulgado nesta segunda-feira, a produção de ureia no Irã e no Egito, dois grandes produtores do fertilizante no Oriente Médio, sofreu uma paralisação.

A interrupção no Egito está ligada à redução no fornecimento de gás de Israel. No Irã, as plantas de ureia e amônia estão paralisadas devido aos riscos associados à guerra.

O Brasil é um importador de fertilizantes, e os agricultores locais estão expostos a oscilações bruscas de preços em tempos de guerra.

Até o momento, os produtores brasileiros compraram cerca de 61% das necessidades de fertilizantes para o segundo semestre, mas nem todos os pedidos foram entregues, afirmou o especialista da StoneX, Renato Françoso, à Reuters.

Os agricultores brasileiros que ainda não compraram certos insumos estão enfrentando uma relação de troca desfavorável, de acordo com a StoneX. A situação pode levar os produtores a reduzir as aplicações na próxima safra.

Em março de 2025, por exemplo, os agricultores brasileiros precisariam vender 28 sacas de soja para comprar uma tonelada de fertilizante MAP (composto por nitrogênio e fósforo), estimou Françoso. Quase quatro meses depois, a proporção subiu para 31 sacas, disse ele.

O poder de compra de fertilizantes pelos agricultores brasileiros atingiu o menor nível em mais de 30 meses, em uma conjuntura de queda de preços de importantes commodities agrícolas e alta nos custos de adubos, de acordo com um indicador elaborado pela Mosaic, divulgado mais cedo neste mês.

Para os produtores de milho, o conflito no Irã, que fornece 17% a 20% da demanda brasileira por ureia, é motivo de preocupação imediata.

“(As perspectivas) para a ureia são incertas, a logística conturbada e ainda temos um programa de importação bem robusto pela frente”, escreveu Jeferson Souza, analista da Agrinvest. A ureia subiu 25% em relação ao ano passado, ele estimou.

Para Francisco Vieira, analista da Agroconsult, é cedo para dizer se os produtores brasileiros semearão uma área menor de milho ou soja devido aos custos mais altos dos fertilizantes. Ele disse que existem fornecedores alternativos fora do Oriente Médio, citando China e Marrocos.

Vieira não prevê escassez de fertilizantes. “O maior problema é o preço.”

Evandro Turatto, diretor da Next Shipping, disse que os afretadores já estão cobrando o dobro para entrar no Estreito de Ormuz, que o Irã ameaça fechar, afetando diversos setores.

Nos últimos dez dias, o frete de contêineres fracionados aumentou em média 30%, disse ele.

“Caso escale muito a guerra, a gente pode entrar num canal de crise de cadeia de suprimentos sem precedentes”, disse Turatto, lembrando que nem os problemas durante a pandemia seriam comparáveis.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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