Comprar ou vender?

Brasil está barato e eleições de 2026 podem ser gatilho para ações, diz Morgan Stanley; veja papéis

20 maio 2025, 18:49 - atualizado em 20 maio 2025, 19:06
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Ainda segundo os analistas, o Brasil está barato, com posicionamento extremo em renda fixa (Imagem: sefa ozel/Getty Images Signature)

O Morgan Stanley reiterou o seu otimismo em relação ao Brasil, com recomendação overweight, que equivale à compra.

Em relatório, o banco destaca que há uma mudança na relação risco-retorno, com maior probabilidade para o cenário otimista do que para o pessimista.

Outro potencial concorrente do país, o México, parece promissor no longo prazo, mas enfrenta desafios no curto prazo.

“Estamos mais construtivos com as ações latino-americanas, especialmente no caso do Brasil, pois acreditamos que o calendário eleitoral movimentado nos próximos 18 meses abre oportunidade para iniciar uma mudança de política necessária”, afirma.

2026 é agora?

No ano que vem, os brasileiros voltam às urnas para escolher o presidente. Últimas pesquisas indicam desgaste do presidente Lula, o que poderia abrir caminho para candidatos mais pró-mercado.

“Embora seja muito cedo para termos uma opinião forte sobre uma mudança na política estrutural para a região, vemos sinais de fraqueza entre as plataformas políticas vigentes, que se baseiam em grandes gastos sociais”.

O Morgan recorda que o índice de aprovação líquida (aprovação menos desaprovação) do presidente em seu atual terceiro mandato está acompanhando o do ex-presidente Bolsonaro no mesmo período.

“Mais importante ainda, olhando para o futuro, o índice de aprovação líquida do presidente Lula (-17%) está substancialmente abaixo da média de aprovação de presidentes em primeiro mandato que foram reeleitos, de +22% (FHC, Lula e Dilma Rousseff)”.

Neste momento, porém, o Morgan diz que ainda estamos a meses da eleição e que, de acordo com as pesquisas mais recentes, a disputa ainda está aberta e o partido atual permanece competitivo tanto nas simulações de primeiro quanto de segundo turno.

“O presidente Lula lidera o primeiro turno nas pesquisas por 10 pontos percentuais, mas parece estar 1 p.p. atrás de potenciais candidatos da oposição em simulações de segundo turno”.

Brasil barato, mas…

Ainda segundo os analistas, o Brasil está barato, com posicionamento extremo em renda fixa para financiar um déficit orçamentário de 10%, combinado com alocação mínima em ações.

“A questão é que é difícil se animar com as ações brasileiras no atual ciclo tardio, mas o nível de avaliação é atraente, talvez o mais atraente do mundo”.

Para o banco, é necessário um rebalançamento que possa iniciar um novo ciclo de lucros para o mercado.

Na visão do Morgan Stanley, o risco fiscal ainda permanece no radar.

“Uma mudança estrutural na política fiscal em toda a região é necessária para reduzir as taxas de juros, desbloqueando um novo ciclo de investimento e potencial expansão múltipla”.

Setores

Setores exportadores como energia e agricultura enchem os olhos do Morgan Stanley.

“É aqui que podemos esperar ver a melhor relação risco-recompensa […] O Brasil está começando a se assemelhar ao Texas, com crescimento e força nos setores de energia e agricultura”.

O banco também gosta de serviços financeiros, estatais, petróleo, serviços públicos e concessões.

“Os serviços financeiros oferecem uma das melhores alavancagens operacionais do mercado. Portanto, se o Brasil reequilibrar sua economia, esta será uma forma fundamental de se beneficiar, em nossa opinião”.

Entre os papéis, estão Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Nubank (portfólio completo logo abaixo).

Outro destaque, a Petrobras (PETR4) segue atrativa para o Morgan, mesmo com a queda do petróleo. Para o banco, a empresa possui uma das melhores relações risco-recompensa tanto no Brasil quanto na América Latina.

“Forte crescimento, dividendos elevados, governança aprimorada e o que consideramos ser o valor da opção no caso de uma mudança de política no Brasil que possa reduzir o risco de intervencionismo”.

Veja as ações do portfólio do Brasil:

Empresa Ticker Peso no Portfólio
Petrobras PBR 16%
Itaú Unibanco ITUB4 11,50%
Vale VALE4 9,2%
Eletrobras ELET3 7,2%
Banco do Brasil BBAS3 6,7%
Sabesp SBSP3 5,5%
JBS JBSS3 5,4%
B3 B3SA3 4,7%
BTG Pactual BPAC11 4,4%
Bradesco BBD.N 3,8%
Embraer ERJ.N 3,5%
Nubank NU.N 3%
PetroRio PRIO3 2,9%
SLC Agrícola SLCE3 2,5%
XP Inc. XP.O 2,5%
Motiva MOTV3 2,1%
Rumo RAIL3 2,1%
Usiminas USIM5 2%
Mercado Livre MELI.O 2%
Gerdau GGBR4 2%
Iguatemi IGTI11 1%

 

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.