Money Times Entrevista

Gringo pode entrar para valer no Brasil, mas precisa desses dois gatilhos, vê RI da BR Partners (BRBI11), que tocou sino na Nasdaq

24 set 2025, 7:00 - atualizado em 23 set 2025, 21:54
BR Partners
Desde que tocou o sininho na Nasdaq, na quarta passada, a ação já salta 25% (Imagem: Divulgação)

Se o Brasil renova recordes em sua bolsa e o real ganha força diante de outras moedas globais, deve agradecer, em grande parte, ao investidor internacional, que, segundo cálculos da B3, já aportou R$ 24,2 bilhões só este ano.

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A melhora do sentimento do gringo em relação ao país foi notada pelo diretor de relações com investidores da BR Partners (BRBI11), Vinicius Carmona.

Na semana passada, o banco tocou o sininho da Nasdaq, a bolsa de tecnologia americana, abrindo o capital nos EUA de olho nos dólares dos fundos americanos.

Mas antes que isso acontecesse, Carmona arregaçou as mangas e fez uma peregrinação pelos EUA.

Além de Nova York, o executivo conta, em entrevista ao Money Times, que visitou fundos relevantes no centro do país, como na região de Salt Lake City (Utah), em Miami — que concentra investidores especializados em América Latina —, além de Boston.

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Também pegou voo para o Canadá, em Montreal, onde há portfólios voltados a países emergentes.

Carmona diz que a realidade hoje é diferente: se no passado o Brasil tinha participação nos portfólios globais de 10% a 15%, hoje essa fatia varia de 2% a 5%, em alguns casos até menos.

“Boa parte do fluxo foi drenado para a Ásia, especialmente China e Índia. Isso nos obriga a ser mais ativos, gastar sola de sapato e mostrar que há histórias boas de crescimento.”

Brasil bem na fita, mas…

Segundo o executivo, a impressão dos investidores americanos foi positiva. O principal chamariz é a avaliação de que o Brasil é um país barato.

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De acordo com a plataforma Oceans 14, o P/L (preço sobre lucro) do Ibovespa está em 9,37x, abaixo da média histórica de 10,9x e menor do que durante a crise econômica de 2015, no governo Dilma Rousseff.

“Foi unânime a percepção de que todos estão mais atentos ao Brasil, principalmente por uma questão de valuation. É consenso que os ativos brasileiros estão baratos e que temos empresas muito boas, com gestão eficiente, boa governança corporativa e negociando a múltiplos historicamente baixos.”

Apesar disso, o executivo afirma que são necessários pelo menos dois fatores para transformar esse interesse em fluxo mais relevante de recursos.

O primeiro é o corte dos juros do Federal Reserve (Fed). Na semana passada, o banco central americano diminuiu as taxas em 0,25 ponto percentual (p.p.), sinalizando mais dois cortes à frente.

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“A Bolsa já respondeu bem, em setembro, à perspectiva de corte de juros e de uma política monetária mais expansionista. Esse movimento já começou a fazer preço, mas, conversando com os gestores lá fora, a impressão é de que ainda está só no início.”

O outro fator, porém, é mais difícil: a questão macroeconômica. De acordo com Carmona, o investidor estrangeiro segue preocupado com o cenário fiscal e político do Brasil, com muitas perguntas sobre eleições.

Ainda assim, ele recorda, o contexto é diferente de 2014, durante o governo Dilma, quando o PIB recuava 3% ao ano.

“Hoje temos um crescimento entre 2,5% e 3%, desemprego em mínimas históricas (cerca de 6%), inflação sob controle. Ou seja, há um quadro macro melhor, mas a preocupação com dívida pública e política fiscal continua sendo um limitador para o fluxo estrangeiro.”

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O executivo também ressalta que, quando comparado a outros emergentes como China e Índia, o Brasil está descontado.

“Existe uma oportunidade clara de investimento, mas a intensidade desse movimento ainda dependerá do cenário eleitoral. Se houver maior clareza, pode vir um rali sustentável; caso contrário, o fluxo pode ser volátil, com entradas e saídas rápidas.”

Sobre a piora das relações diplomáticas entre Brasil e EUA, em meio ao embate de Donald Trump com o ministro Alexandre de Moraes, Carmona diz que isso apareceu nas conversas, mas muito mais pela ótica da tensão política do que de impactos econômicos diretos, como tarifas.

“O investidor estrangeiro se preocupa com o quanto a polarização pode escalar, mas não vê isso, por enquanto, como fator decisivo para alocação.”

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BR Partners na crista da onda

Desde que tocou o sininho na Nasdaq, na quarta passada, a ação já salta 25%. Carmona afirma que os gringos já fizeram alguns aportes no papel.

“Senti uma receptividade muito positiva. Desde nosso IPO, foi a melhor rodada que tivemos com investidores globais. Conseguimos atingir fundos realmente focados em mercados emergentes e em small caps.”

Além disso, houve interesse renovado em small caps, que voltaram ao radar em meio ao corte dos juros. No ano, o índice de small caps sobe 30%, contra 22% do Ibovespa.

“Com juros altos, os fundos locais encolheram e deixaram de ancorar o setor. Mas agora, com juros começando a cair e investidores estrangeiros voltando a olhar, esse movimento de correção ganhou força.”

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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