Brasil lança plano para aumentar financiamento climático para US$1,3 trilhão por ano
Depois de um ano de negociações, o Brasil, anfitrião da COP30, apresentou na quarta-feira um plano para aumentar o financiamento climático para US$ 1,3 trilhão por ano e enfrentou vários sinais iniciais do cenário político desafiador enquanto a cidade de Belém se prepara para receber os líderes mundiais.
O documento de quase 100 páginas, batizado de Baku to Belem Roadmap (Roteiro de Baku a Belém), é resultado de meses de conversas com as partes interessadas desde o encerramento do evento do ano passado no Azerbaijão.
Fornecer mais financiamento é fundamental para manter a confiança nos esforços climáticos multilaterais, uma vez que as emissões continuam a aumentar, deixando alguns dos países mais pobres em maior risco de eventos climáticos extremos.
No entanto, a pressão para controlar as emissões sofreu um novo revés quando a União Europeia fechou um acordo de última hora para reduzir as emissões em 90% até 2040, mas apenas com a inclusão de uma flexibilidade que o enfraquece.
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“A UE fez uma escolha perigosa hoje”, disse Jeroen Gerlag, diretor do escritório europeu do Climate Group. “É um sinal decepcionante de liderança, já que estamos indo para a COP30 na próxima semana.”
Embora o local das negociações continue em construção, a área reservada para os discursos dos líderes estava quase pronta, com equipes fazendo reparos de última hora e colocando plantas e móveis no lugar.
Em outro teste para o Brasil, o Reino Unido disse que não comprometeria dinheiro no evento para um plano de proteção das florestas tropicais do mundo, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) — visto como um dos principais objetivos dos anfitriões, visando arrecadar US$125 bilhões.
A decisão decepcionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disseram fontes à Reuters, especialmente porque o Reino Unido ajudou a criá-lo e Lula havia escrito pessoalmente ao primeiro-ministro Keir Starmer na última sexta-feira para solicitar um investimento.
Separadamente, Lula se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, e com Ding Xuexiang, vice-premiê do Conselho de Estado da China, para pedir contribuições, de acordo com fontes que pediram para permanecer anônimas.
Projeto global de cooperação
Como a ajuda global para o desenvolvimento está sendo reduzida, os autores do roteiro o chamaram de “projeto para cooperação e resultados tangíveis”.
Mukhtar Babayev, presidente da COP29, que ajudou a supervisionar o roteiro, advertiu em uma coletiva de imprensa que é importante reconhecer a escala do desafio.
“Estamos tentando intervir no funcionamento normal da economia mundial, estamos tentando direcionar as forças das finanças globais. Essa é uma tarefa imensa.”
“O sucesso exigirá grande vontade política. Será necessário um foco contínuo e exigirá uma ação implacável de todos nós. Os países simplesmente não poderão reduzir as emissões ou se adaptar ao aumento das temperaturas se não puderem contar com capital”, acrescentou.
As ideias para ampliar o financiamento incluem dar mais na forma de doações e facilitar o acesso dos países em desenvolvimento ao capital privado, segundo o relatório, enquanto os bancos multilaterais devem ajudar a aliviar o ônus da dívida dos países em desenvolvimento e assumir mais riscos.
“Os recursos existem, a ciência é clara e o imperativo moral é inegável. O que resta é a determinação de agir — transformar o inimaginável em inevitável e fazer com que esta década de implementação acelerada seja aquela em que a resposta da humanidade finalmente corresponda à escala de sua responsabilidade”, disse o relatório.