Importações

Brasil mantém ritmo forte de importação de diesel em outubro, Índia se torna o maior fornecedor

11 nov 2025, 4:49 - atualizado em 11 nov 2025, 4:29
Soja biodiesel
Plantio de soja manteve alta a necessidade de importação de diesel pelo Brasil (iStock.com/JJ Gouin)

As importações de diesel A (puro) pelo Brasil se mantiveram aquecidas em outubro, com destaque para compras vindas da Índia, que ganhou mercado dos Estados Unidos e da Rússia, tornando-se o principal fornecedor, apontou análise da StoneX nesta segunda-feira (10) com base em dados oficiais do governo.

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No total, as compras externas de diesel do Brasil somaram 1,6 bilhão de litros em outubro, alta de 7,2% ante o mesmo mês de 2024. Foi o segundo maior volume mensal do ano, atrás apenas do registrado em setembro (1,77 bilhão de litros).

“A manutenção de importações aquecidas pelo segundo mês consecutivo reflete o avanço do plantio de soja em diversos Estados do Brasil, acarretando aumento do transporte de insumos agrícolas aos campos”, disse Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, em nota.

O especialista destacou ainda que as expectativas são de um novo recorde da produção do grão na safra 2025/26, o que se reflete também nos resultados das internalizações e nas vendas do diesel A no Brasil — mesmo em um contexto de mistura de biodiesel mais elevada, com a introdução do B15 ocorrendo em agosto deste ano.

Em outubro, a Índia superou os Estados Unidos como o principal país fornecedor externo de diesel ao Brasil, respondendo por 33%, ou 530 milhões de litros do total importado. Os EUA, entretanto, mantiveram participação elevada, de 32% (520 milhões de litros), ao passo que a Rússia seguiu trabalhando com uma participação menor, de 17% (276 milhões de litros).

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Cordeiro explicou que o avanço da Índia como fornecedor do Brasil ocorre em um momento de menor demanda interna por diesel naquele país e enquanto há um aumento da produção do combustível fóssil por suas refinarias.

“As refinarias indianas vem buscando maximizar a oferta de diesel, por conta das boas margens do combustível nesse momento, a nível global”, disse Cordeiro.

O especialista explicou ainda que o mercado indiano se recupera de uma demanda fragilizada de diesel por conta do período de monções que ocorre entre abril e setembro, e tende a gerar uma redução do transporte de produtos.

Nesse contexto, o produto indiano acaba abocanhando uma participação que antes estava dominada pela Rússia.

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A Rússia vinha sendo a principal fornecedora externa de diesel ao Brasil, uma vez que seus produtos petrolíferos viraram alvos de embargos ocidentais e chegavam ao Brasil com amplos descontos.

Mas recentemente a Rússia passou a exportar menos, já que suas refinarias apresentam dificuldade de atender a demanda doméstica em meio aos danos causados por ataques ucranianos.

“Nesse sentido, as expectativas se mantêm de uma menor participação russa ao longo dos próximos meses, com a Índia podendo assumir um ‘share’ maior ao final do ano — período em que os EUA acabam ampliando a demanda interna por diesel para calefação de ambientes em meio à chegada do inverno”, disse o especialista.

Além das dificuldades internas, a Rússia também enfrenta novas sanções dos EUA, que alcançaram recentemente os principais fornecedores das cargas enviadas a partir da região do Mar Báltico até o Brasil (Rosneft e Lukoil), destacou a consultoria Argus, em nota enviada à Reuters.

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“Empresas envolvidas na importação de diesel russo avaliam internamente as repercussões das novas sanções”, disse a Argus.

“Parte do mercado acredita que as medidas devem coibir as compras de diesel russo, consolidando a tendência atual de maior dependência do produto dos EUA.”

A Argus pontuou ainda que outra parcela do mercado acredita que as sanções podem jogar o preço do produto russo para baixo, até tornar as importações russas muito mais rentáveis do que as outras origens, caso o país consiga normalizar a sua produção.

Segundo Marcos Mortari, especialista em combustíveis da Argus, o protagonismo da Índia não deverá se manter, uma vez que em novembro a maior parte das cargas previstas até o momento vem dos EUA.

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“Eles (indianos) estão vendo mais atratividade para as exportações para a porção leste do globo, Cingapura… a rota Brasil fica menos interessante e os preços deixam de ser também atrativos para o importador daqui”, disse Mortari.

No acumulado anual, as importações somaram 14,4 bilhões de litros, alta de 13% versus o mesmo período do ano passado. Caso esse ritmo se mantenha, a StoneX prevê que as internalizações do combustível superem o recorde anual registrado em 2022, de 15,9 bilhões de litros.

Gasolina

As importações de gasolina A (pura), por sua vez, registraram um salto em outubro, atingindo 355 milhões de litros — o maior resultado desde janeiro, marcando um aumento de 32,1% frente ao mesmo período no ano passado.

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Todavia, no acumulado do ano até outubro, as importações registraram uma queda de 10,8%, para 2,1 bilhões de litros.

“Essa tendência no último mês já era apontada pelo ‘lineup’, conforme a manutenção de uma paridade favorável para importação da gasolina no último bimestre, com a diferença dos preços da Petrobras superando R$0,20 por litro, abrindo uma janela de oportunidade para os agentes”, disse Isabela Garcia, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, em nota.

Garcia pontuou ainda que a demanda por gasolina C (com etanol anidro) é sazonalmente mais elevada no quarto trimestre.

Para os próximos meses, a especialista ressaltou ser provável que o volume importado siga mais elevado, conforme os preços internacionais permaneçam mais atrativos do que aqueles praticados pela Petrobras.

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A StoneX estima que, mesmo após o reajuste da estatal em outubro, o diferencial com o mercado externo se manteve, estando em R$ 0,07 por litro até a manhã do dia 7 de novembro, refletindo a recuperação do real frente ao dólar e um preço internacional da gasolina relativamente estável. Além disso, o pico de demanda entre dezembro e janeiro pode favorecer importações, destacou Garcia.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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