Equilíbrio fiscal: ‘Precisamos de forma urgente que o BC corte os juros’, diz presidente da Abrainc

O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, afirmou que o setor imobiliário brasileiro tem se destacado positivamente em meio à instabilidade global, mas que a manutenção da Selic em patamares elevados e a insegurança jurídica ainda representam entraves ao crescimento sustentável.
“Precisamos, de forma urgente, que o Banco Central (BC) inicie um movimento de corte nas taxas”, disse o executivo durante o evento Incorpora 2025, defendendo ações estruturais que permitam juros baixos no longo prazo.
“É fundamental avançarmos em medidas que garantam maior equilíbrio fiscal, racionalizem as contas públicas e modernizem estruturas de Estado, com foco na simplificação e na redução das burocracias. A reforma administrativa é essencial nesse sentido”, completou.
De acordo com França, cada ponto percentual de elevação na taxa básica de juros tira o acesso à moradia de 166 mil famílias, já que diminui o acesso ao crédito imobiliário.
Insegurança jurídica e reformas
O presidente da Abrainc também expressou preocupação com a proposta de reforma do Código Civil, atualmente em discussão no Senado. Ele alertou que as mudanças podem afetar pilares da economia brasileira:
“A alteração de mais de 50% dos artigos em curto espaço de tempo pode enfraquecer contratos, fragilizar empresas e comprometer o direito de propriedade.”
Apesar das críticas, o França citou avanços positivos, como a aprovação da reforma tributária do consumo, prevista para entrar em vigor em 2026, e o diálogo com a Receita Federal para garantir uma regulamentação adequada ao setor.
- Mercado digere derrota de MP alternativa para IOF e inflação de setembro; Assista ao Giro do Mercado de hoje e saiba o que mexe com seu bolso:
Mercado aquecido e crédito
O executivo destacou ainda o avanço do mercado imobiliário, que registra alta de 7% nas vendas em 2025, e o estoque de LCIs, um dos principais instrumentos de financiamento do segmento, que atingiu R$ 471 bilhões até agosto.
França elogiou o desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e afirmou que a meta inicial de 2 milhões de moradias em quatro anos será superada.
“O déficit habitacional caiu de 6,2 para 5,9 milhões de moradias, e a previsão é atingir 3 milhões de unidades até 2026”, disse.
Por fim, o presidente da Abrainc reforçou a necessidade de políticas eficientes, crédito acessível e segurança jurídica para atender à demanda estimada de 11 milhões de novas moradias na próxima década.