Economia

Brasil tem números de uma economia estagnada desde 1960

27 jun 2019, 21:42 - atualizado em 27 jun 2019, 21:42
Produtividade do Brasil está estagnada, isso quando não anda para trás (Imagem: Pixabay)

“Olhando para crescimento diante da Reforma da Previdência“. A afirmação inicia um relatório do Bank of America Merrill Lynch sobre o Brasil publicado nesta semana, no qual a instituição norte-americana avalia os desenvolvimentos recentes da política e da economia nacionais.

De acordo com os analistas David Beker e Ana Madeira, ao mesmo tempo que a Reforma da Previdência ganha corpo no Congresso, o governo tenta implementar uma agenda microeconômica de reformas.

“O Brasil é um dos países mais burocráticos do mundo, ficando na 109ª posição no ranking de Facilidade para Fazer Negócios do Banco Mundial”, destaca o BofA ML ao apontar a dificuldade existente de ambiente de negócios.

Gráfico: 24 países selecionados no ranking de 190 analisados pelo Banco Mundial: Brasil está em 109º

Fonte: Doing Business 2019, Banco Mundial e BofA ML

A instituição pondera negativamente que as expectativas de crescimento para a economia brasileira apresentaram declínios seguidos ao longo dos últimos meses, com a projeção do PIB – segundo o relatório Focus – despencando de 2,28% em março para 0,87% na última semana.

Parado desde 1960

Para Beker e Madeira, “fatores estruturais desempenharam papel importante ao guiarem as revisões consecutivas para baixo no crescimento”. “No entanto, a maior produtividade do trabalho pode aprimorar esta tendência”, completam.

Há uma inércia histórica em relação ao visto nos EUA, compara o relatório. “O PIB per capita do Brasil em 1960 era cerca de 19% dos EUA. Seis décadas depois, esta relação permanece a mesma e revela como a produtividade está atrasada no Brasil”, avaliam os analistas.

“A renda de um indivíduo é a remuneração pela contribuição de suas habilidades e ativos na produção de bens e serviços. Assumindo que a renda per capita é aproximadamente igual ao PIB per capita, então as diferenças de renda per capita entre os países refletem amplamente as diferenças em sua produtividade média individual”, pontua a avaliação.

Indústria
Os números mostram que o Brasil está andando para trás (Imagem: Alex Pazzuelo/Agência de Comunicações do Governo do Estado do Amazonas)

Produtividade negativa

O Bank of America Merrill Lynch apresenta alguns fatores para a baixa produtividade. “A falta de competição é uma das principais causas para a baixa produtividade do Brasil”, avalia a instituição, destacando ainda que as elevadas barreiras regulatórias, adicionadas ao uso inadequado de incentivos e a baixa eficiência dos subsídios, afetam profundamente a economia nacional.

“Não ocorreu muito progresso nos últimos anos para enfrentar gargalos no setor de crédito, infraestrutura, restrições regulatórias, sistema tributário e abertura comercial”, afirmam Beker e Madeira, ressaltando ainda que a sequência destas reformas estruturais são a chave para melhorar o ambiente de realização de negócios.

De acordo com o Banco Mundial, a média de contribuição da produtividade total de fatores (TFP, na sigla em inglês) no Brasil foi ligeiramente negativa entre 1996 e 2015, o que está muito abaixo das economias de rápido crescimento.  O TFP da China e Índia é de 20% e 12%, respectivamente.

“Considerando que a TFP é a parte da produção não explicada pela quantidade de insumos utilizados na produção, seu nível é determinado pela eficiência e intensidade com que os insumos são utilizados na produção. Portanto, o crescimento da TFP pode ser tanto o resultado de realocação ou inovação, obtido pela transferência de recursos para indústrias e setores mais eficientes ou pelo desenvolvimento de novas tecnologias”, lembra o BofA.

Ou seja, o Brasil está andando para trás.

Menor burocracia

A instituição destaca a MP (Medida Provisória) da liberdade econômica como iniciativa de redução da burocracia e aprimoramento da inovação, indicando o maior viés liberal da equipe econômica. A queda no tempo de abertura de uma subsidiária no Brasil passou de 45 dias para 3 dias. Mas e quem quer?

Entre 2014 e 2018, apenas 31 subsidiárias internacionais desembarcaram por aqui. O número é 61% inferior ao registrado entre 2009 e 2013.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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