Economia

Brasil tem o maior juro real do mundo: O que isso significa e como impacta o seu bolso

07 maio 2023, 9:00 - atualizado em 05 maio 2023, 15:28
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Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. No Brasil, o juro real é de 6,94% e é o mais alto do mundo. (Imagem: Getty Images)

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.

Este é o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017, onde a Selic está estacionada desde agosto. O Banco Central afirma que a inflação no país ainda segue alta, sendo que as projeções futuras seguem desancoradas.

Com isso, o Brasil segue na liderança dos países com o maior juro real do mundo, na faixa de 6,9% ao ano, segundo levantamento elaborado pela gestora Infinity Asset. Em seguida, vem o México, com a taxa em 6,05%, e o Chile, em 4,92%.

Confira o ranking de países

Ranking (ª) País Juro real (em %)
1 Brasil 6,94
2 México 6,05
3 Chile 4,92
4 Filipinas 2,62
5 Indonésia 2,45
6 Colômbia 1,93
7 Hong Kong 1,74
8 África do Sul 1,60
9 Israel 1,57
10 Índia 1,29
11 China 0,37
12 Estados Unidos 0,36
13 Hungria 0,34
14 Rússia 0,19
15 Nova Zelândia 0,15
16 Malásia 0,11
17 Reino Unido -0,15
18 Suíça -1,30
19 Taiwan -1,53
20 Japão -1,54

O que é juro real?

Para chegar ao número do juro real, é preciso descontar do juro nominal (a Selic) o Índice de Preços Ao Consumidor Amplo (IPCA) prevista para os próximos 12 meses. Esse juro é o que representa a rentabilidade real de um investimento, uma vez que já considera o que foi perdido para a inflação.

Nem sempre o Brasil esteve no topo do ranking de juro real. Em meados de 2018, por exemplo, esse valor girava em torno de 2%, já que a inflação estava em 3,75% e a Selic em 6,5%.

A liderança é doce ou amarga?

Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. Por um lado, o país pode ter um maior fluxo de dólar porque o sonho dos investidores é rentabilidade alta e tendem a se aventurar em países com um juro real robusto.

Dólar entrando significa câmbio caindo. Essa queda não é boa apenas para que está pensando em viajar. O Brasil é um país que importa produtos manufaturados e algumas matérias-primas, por isso, quando o câmbio está alto, o custo de produção industrial e itens já prontos sobem.

Essa elevação afeta a inflação, que sobe junto. Agora, quando a moeda americana cai, a tendência é que os preços caiam juntos, aliviando o IPCA.

No entanto, essa atração de capital estrangeiro pode ser impactado pelos juros americanos. Na semana passada, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou a meta da taxa de juros de referência do Federal Reserve em 0,25 ponto percentual, nesta quarta-feira (03).

A taxa agora se encontra no intervalo entre 5% e 5,25% após a segunda reunião do Fed em 2023. Com isso, os investidores tendem a migrar os seus investimentos para o EUA. Afinal, a rentabilidade é em dólar.

Por outro lado, o juro real tem um efeito de desaceleração da economia, assim como a Selic. Isso porque quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e isso se resulta em uma queda no consumo das famílias e redução dos investimentos por parte das empresas.

Essa é uma das maiores preocupação dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem pressionando para o Banco Central reduzir a Selic. No final de março, entrevista ao site Brasil 247, Lula deixou isso bem claro. “Ninguém consegue tomar dinheiro emprestado a 13,75%, a um juro real de 8% se você descontar a inflação”, afirmou.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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