Brasil vive momento excepcionalmente favorável, mas não pode ‘rasgar dinheiro’, diz economista-chefe do Itaú Asset

O mundo vive um momento excepcionalmente favorável para o Brasil, afirma o economista-chefe do Itaú Asset, Thomas Wu. Para ele, a postura mais agressiva dos Estados Unidos frente ao comércio internacional abre espaço para que o país se beneficie, reforçando sua posição como fornecedor confiável e geopoliticamente neutro.
O presidente Donald Trump anunciou uma série de tarifas comercias a diversos países este ano, como estratégia para proteger o mercado interno e estimular o consumo de produtos fabricados no próprio país.
Wu diz que as disputas comerciais norte-americanas — antes concentradas na relação com a China e agora mais amplas — têm levado outros países a buscar parcerias alternativas, e o Brasil surge como beneficiário direto.
“O mundo está muito a favor de nós. Todo mundo quer fazer negócio com o Brasil”, afirmou no evento Inter Invest Summit 2025, destacando que a neutralidade geopolítica é hoje um posicionamento estratégico.
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O economista cita exemplos de setores que ganham espaço nesse contexto, como o agronegócio, além da possibilidade de avanços em acordos comerciais de longa data, como o entre Mercosul e União Europeia.
“O pessoal quer comprar de nós. Se tomarmos partido, é como rasgar dinheiro. Ser neutro é extremamente importante”, disse.
Apesar disso, Wu ressalta que os juros brasileiros elevados e a elevada carga tributária continuam sendo entraves internos para o crescimento.
Ele defende maior previsibilidade fiscal, especialmente a partir de 2026, para que o setor privado possa investir com mais confiança. “Se o governo colocar um mínimo de previsibilidade de quando o refluxo vem, há negócio para fazer, que se transforma em Produto Interno Brasil”, afirmou.
Wu também fez um alerta sobre o ambiente político polarizado, que considera um obstáculo para o país aproveitar plenamente essa janela de oportunidades. “Toda eleição é chamada de a mais importante. Mas, desta vez, o que me preocupa é que o mundo está muito bom para o Brasil, e a gente corre o risco de perder tempo com disputas internas.”