BrasilAgro (AGRO3): XP segue vendo ação como uma aposta em dividendos e ciclo favorável para compras

A XP Investimentos visitou a Fazenda Arrojadinho da BrasilAgro (AGRO3), localizada em Jaborandi na Bahia, o que trouxe um maior entendimento sobre como a empresa gera valor ao acionista por meio da aquisição e desenvolvimento de terras agrícolas. A casa conta com recomendação neutra para ação, com preço-alvo de R$ 22 (potencial de alta de 4,46%)
“Embora continuemos apoiando o modelo de negócios, seguimos enxergando a tese de investimentos principalmente como uma aposta em dividendos, que acreditamos que provavelmente permanecerá pouco atrativo no curto prazo, apesar do histórico da companhia de surpreender positivamente o mercado com desinvestimentos oportunísticos em fazendas”, veem Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.
Apesar disso, os analistas enxergam o ciclo atual da terra como mais favorável a aquisições do que a vendas. “Permanecemos cautelosos quanto às tendências dos preços dos grãos. Assim, preferimos manter uma posição de espera neste momento”.
AGRO3: Por dentro da geração de valor
A fazenda em questão conta com 10.495 hectares, sendo 4.777 hectares plantados com soja e 1.595 hectares com algodão. O foco da visita foi entender melhor o projeto de irrigação em andamento, que tem o potencial de expandir a área plantada de algodão para 4.200 hectares.
Segundo a XP, o investimento total em capex está previsto para ficar entre R$ 25 mil – R$ 26 mil por hectare de área irrigada, o que eles consideram positivo, pois está abaixo da referência de mercado de R$ 30 mil por hectare.
“Além da expansão da área plantada com algodão, a infraestrutura de irrigação também possibilita a diversificação das culturas para arroz, feijão e trigo — especialmente relevante em ambientes de preços baixos — assim como o potencial para operar sob um modelo de processamento de sementes de milho, uma estratégia também adotada pela Boa Safra (SOJA3)“.
A fazenda foi adquirida em 2021, por meio de uma transação de troca de ações (equivalente a 9,14% das ações em circulação da companhia na época), com um valuation implícito de 102 sacas de soja/hectare.
Após a irrigação, a BrasilAgro espera alcançar um valuation de 900 sacas de soja/hectare, o que consideram razoável, considerando o potencial de produtividade, a localização e a proximidade com grandes produtores da região.
“Observamos que a plena expansão provavelmente levará alguns anos para se concretizar, e continuamos a enxergar um ambiente mais desafiador para a monetização de terras agrícolas no curto prazo”.
O que indica o curto prazo?
A XP projeta um aumento significativo na produtividade de algodão da companhia na safra 2024/25, refletindo a transformação contínua das terras e a maior área irrigada.
No entanto, a BrasilAgro destacou que a produtividade na fazenda pode diminuir de 420 arrobas/hectare para 370 arrobas/hectare em relação ao ano anterior, provavelmente devido a um clima pior na Bahia. A casa projeta que a Fazenda Arrojadinho representa cerca de 25% da produção total de algodão da empresa.
“Como a Bahia é o segundo maior estado produtor, representando cerca de 20% da produção de algodão do Brasil, acreditamos que a produção de algodão pode ser menor do que o mercado antecipa, o que pode levar a preços mais altos. Por fim, discutimos as tendências de custos com a gestão, que antecipou que os custos, especialmente para a soja, podem aumentar em dígitos baixos duplos na safra 2025/26, principalmente devido ao aumento dos preços dos fertilizantes”.