Braskem (BRKM5): Cade dá aval para Tanure avançar em empresa

O empresário Nelson Tanure deu mais um passo para comprar o controle da Braskem (BRKM5).
Em comunicado enviado ao mercado, a companhia confirmou que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem restrições, a compra da holding NSP Investimentos, da Novonor (antiga Odebrecht), que controla 50,1% das ações.
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Dessa forma, o empresário, por meio do fundo Petroquímica Verde, teria o controle da companhia sem necessidade de fazer um OPA (oferta pública de aquisição), já que estaria comprando a holding que controla a Braskem e não a companhia negociada em bolsa.
Apesar do avanço, o empresário ainda precisa convencer a Petrobras (PETR4) e os bancos, que possuem ações da petroquímica, a aprovar o negócio.
Além disso, a decisão pela aprovação da transação está sujeita à observância do prazo legal de 15 dias para eventuais manifestações de terceiros ou avocação do Tribunal do CADE, que se iniciará a partir da publicação do referido despacho.
O que Tanure pensa em fazer com Braskem?
Em seus primeiros comentários públicos desde que revelou a oferta pela Braskem, Tanure disse que começou a cortejar a Novonor, o grupo empresarial da família Odebrecht, após o colapso de um acordo com a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) há mais de um ano.
“Venho pesquisando essa empresa há muito tempo. Em algum momento, após a desistência da Adnoc, comecei a conversar com eles em absoluto sigilo”, disse Tanure.
A Novonor permaneceria como acionista no acordo ainda em discussão, disse ele, com a proposta mais recente reduzindo a participação do grupo de 38,3% – e 50.1% no capital votante – para cerca de 3,5%.
“Eu não faria um acordo se eles não permanecessem envolvidos”, disse Tanure.
Apesar do progresso do empresário em relação à Novonor, credores importantes, incluindo o BNDES, veem sua oferta com ceticismo, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto disseram à Reuters.
Os credores da Novonor prefeririam ir adiante com seu próprio plano de reestruturação antes de venderem as ações que são mantidas como garantia.
Durante o escândalo da Lava Jato, a Novonor – chamada Odebrecht na época – usou sua participação na Braskem para garantir cerca de R$ 15 bilhões em empréstimos bancários. O valor de mercado das ações agora cobre menos de um quarto dessa dívida.
“O sucesso da operação passa, necessariamente, por um alinhamento com eles, que são os principais credores”, reconheceu Tanure, contestando, entretanto, a percepção de que os credores agora controlam efetivamente a Braskem.
“É bom esclarecer que as ações são detidas pelo grupo Novonor. Apenas, estão em alienação fiduciária para os bancos, garantindo empréstimos.”
Se conseguir fechar o acordo da Braskem, Tanure vê um papel maior para a Petrobras, que tem direito de preferência sobre a participação da Novonor, conforme seu acordo de acionistas.
“Eu acho que a presença (da Petrobras) é pequena na operação da companhia (Braskem), e que ela deve e precisa ser ampliada, pois vamos convir que a Petrobras tem uma senioridade e um know how de gestão de empresas petrolíferas comparável às melhores do mundo.”
Com Reuters