Braskem (BRKM5) sobe quase 10% com venda de ativos no radar; veja o que dizem analistas

As ações da Braskem (BRKM5) operam em alta no pregão desta sexta-feira (8), após a companhia confirmar que mantém conversas com a Unipar (UNIP6) sobre uma potencial compra de ativos.
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), os papéis lideravam as altas do Ibovespa e avançam 6,32%, a R$ 8,92. No dia, BRKM5 chegou a atingir 9,30% na sua maior pernada.
As ações da Unipar também subiram no dia, chegando a uma valorização de mais de 10%.
A valorização ocorre em meio a rumores sobre a venda de suas operações de polipropileno nos Estados Unidos — ativos avaliados em pelo menos US$ 1 bilhão, segundo a imprensa.
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Os ativos em discussão incluem três plantas de polipropileno no Texas, Pensilvânia e Virgínia Ocidental, com capacidade combinada de cerca de 2 milhões de toneladas por ano. Fontes indicam que a Unipar estaria entre os principais interessados.
A Braskem reforçou que, até o momento, não há definição sobre quais ativos poderiam fazer parte de um eventual acordo e que, além de um pacto de confidencialidade assinado em julho, não existe documento vinculante. Já a Unipar ressaltou que a análise ainda está em fase preliminar.
Na véspera, em teleconferência com analistas, o CEO da Braskem, Roberto Ramos, tratou as unidades norte-americanas como parte central da estratégia de longo prazo da empresa, destacando que duas das três principais unidades de pesquisa da petroquímica estão nos EUA e negando intenção de se desfazer das plantas.
Para o Bank of America, uma eventual venda não seria trivial. O banco lembra que a Braskem atravessa um ciclo petroquímico “tighter-for-longer” — de spreads mais estreitos e margens pressionadas —, aliado a geração de caixa fraca e alavancagem elevada.
Segundo as estimativas do BofA, as operações norte-americanas devem gerar Ebitda anual de US$ 260 milhões a US$ 300 milhões nos próximos três anos (período de baixa do ciclo) e cerca de US$ 400 milhões a US$ 425 milhões em um cenário médio.
O relatório destaca que vender um ativo competitivo, bem localizado e com relevância operacional no fundo do ciclo implicaria em abrir mão de potencial ganho futuro, o que reforça a percepção de que a negociação poderia estar ligada a uma necessidade de reduzir a dívida.
Histórico de interesse da Unipar
Não é a primeira vez que a Unipar se aproxima da Braskem. Em 2021, a companhia fez oferta por ativos no Complexo Petroquímico de São Paulo, visando garantir acesso estratégico ao etileno — insumo essencial para a produção de PVC, um de seus principais produtos. Em 2023, ofereceu cerca de R$ 10 bilhões (US$ 1,8 bilhão) pela participação de 34% da Novonor na Braskem, o que daria o controle da petroquímica.
O histórico reforça o apetite da Unipar por expansão via aquisições e o interesse em fortalecer sua presença no setor, aproveitando condições de mercado e oportunidades estratégicas.
O Bank of America mantém recomendação neutra para BRKM5, mas reconhece que fatores como medidas antidumping e a possível aprovação do PL 892 podem trazer vento favorável à companhia.