Money Times Entrevista

Brava (BRAV3), antiga 3R (RRRP3), surge com potencial de geração de caixa bastante alto, diz CFO

06 set 2024, 7:00 - atualizado em 06 set 2024, 9:13
Brava Energia
Em entrevista ao Money Times, o CFO da Brava, Rodrigo Pizarro, disse que a empresa tem capacidade para gerar um caixa com potencial bastante alto (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

Surge uma nova empresa na bolsa. Na verdade, não tão nova assim, já que a Brava Energia é a junção da 3R Petroleum (RRRP3) e Enauta (ENAT3). Na última quinta-feira (5), a administração da companhia, que conta com executivos de ambas as petroleiras, tocou o sininho que marca a nova fase.

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Sob ticker BRAV3, a empresa começará a ser negociada na B3 na próxima segunda. A projeção é superar os 100 mil barris de óleo equivalente, o que a colocaria no mesmo patamar ou até superior que a Prio (PRIO3), que fechou o mês de agosto com produção diária de 71 mil barris. Já as reservas operadas da Brava somam mais de 700 milhões de barris.

Sem o desinvestimento da Petrobras (PETR4), que pelo contrário, agora busca comprar ativos, essas empresas, chamadas de juniors oils, correm para se juntarem e serem menos ‘júniores’. Inclusive, a PetroReconcavo (RECV3) e a 3R quase estudaram uma fusão que foi, justamente, interrompida pela Enauta.

Até agora, analistas de mercado estão otimistas com a consolidação do setor. Casas como Itaú BBA, Santander e Bradesco BBI reiteraram a recomendação de compra, com potencial de alta que ultrapassa os 70%. E uma das principais expectativas é que a companhia seja uma grande geradora de caixa e, consequentemente, pagadora de dividendos.

Em entrevista ao Money Times, o CFO da Brava, Rodrigo Pizarro, disse que a empresa tem capacidade para gerar caixa com potencial bastante alto. A questão é saber o que fazer com esse dinheiro: pagar dividendos, crescer de forma inorgânica, ou seja, com aquisições, ou orgânica, investindo no próprio portfólio, que conta com ativos no mar (offshore) e na terra (onshore).

“Ainda não há uma resposta definitiva sobre qual será o foco. O que se sabe é que a companhia tem a capacidade de atuar em todas essas frentes. A administração, junto com o novo conselho, ainda está definindo o equilíbrio e o apetite para cada uma dessas estratégias”, esclarece.

A Brava também deverá lidar com outros desafios, como a própria integração das companhias e imprevistos, como a queda do petróleo, que nesta semana desaba mais de 5%, e questões regulatórias. Na última quinta, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) paralisou o Papa Terra, importante campo de produção da companhia.

Esses e outros pontos você confere na entrevista abaixo. Veja os principais trechos:

Money Times: O que o investidor deve esperar da nova empresa?

Rodrigo Pizarro: Quando olhamos para frente, entendemos que o mercado [de petróleo] ainda vai ter um processo de consolidação.

Empresas que têm menos de 15, 20, 30 mil barris estão num nível normalmente subótimo de otimização, uma dificuldade maior de diluir custos fixos de uma companhia listada como a nossa. Então, a escala nesse mercado é muito importante.

Mas ainda é cedo para a nova empresa, a Brava, compartilhar os planos.

É um momento agora de avaliação do que temos dentro de casa para poder planejar os nossos próximos passos.

Fato é que temos muita oportunidade dentro do portfólio: ativos em terra, em mar, escalas parecidas. Não é que produzimos muito pouco em terra e priorizaremos o mar, e nem o contrário.

Temos um leque aqui de oportunidades muito importantes também de crescimento orgânico, com o próprio portfólio, mas avaliações também de eventualmente crescimento inorgânico podem estar no nosso portfólio.

Money Times: Ainda veem alguma oportunidade com a PetroRecôncavo?

Rodrigo Pizarro: Ainda é cedo para trazer aqui uma visão de outros targets de consolidação. O momento é exatamente de avaliação de tudo o que se tem dentro de casa.

Mas tudo o que se planeja fazer é com bastante disciplina de capital.

Então, a administração e a diretoria, principalmente, estão no momento de se aprofundar bastante para que todos que estavam de um lado da Enalta ou da 3R conheçam o portfólio em detalhes da outra companhia, para que se possa estabelecer quais são as métricas e critérios de aprovação dos projetos que vão contemplar o portfólio de negócios com base no que se tem dentro de casa.

No momento subsequente, será feito um exame e discussão com o conselho sobre estratégias, eventualmente de crescimento inorgânico e parcerias, mas tudo isso ainda está no processo de avaliação.

Money Times: Queda do petróleo preocupa?

Rodrigo Pizarro: Felizmente, no caso da 3R, o processo de aquisição de ativos foi realizado quando a curva de preços estava bem pior do que a atual. O modelo de negócios já foi pensado com uma curva de petróleo mais deprimida, que estabilizava em US$ 50.

Atualmente, qualquer modelo ou previsão de empresas, bancos ou instituições indica que a previsão de preços está acima de US$ 60, normalmente acima de US$ 65, e em alguns casos acima de US$ 70 no longo prazo.

Nesse aspecto, há bastante conforto em relação ao portfólio, tanto da 3R quanto ao principal ativo que veio da Enauta, o Atlanta. Estes são ativos muito resilientes a preços de petróleo baixos.

Money Times: A Petrobras parou de vender ativos e a 3R cresceu muito com base nessas compras. Isso pode ser um risco?

Rodrigo Pizarro: Felizmente, essa nova companhia já parte de uma base de ativos bem relevante, com um volume de reservas provadas e prováveis considerável, das maiores da América Latina.

Não há necessidade ou obrigatoriedade de adquirir novos ativos para alcançar uma escala ou um nível adequado de operação.

Ou seja, a produção atual já permite uma alta eficiência, tanto no mar quanto em terra.

Money Times: A empresa será uma boa pagadora de dividendos?

Rodrigo Pizarro: A companhia pode optar por ser uma empresa que foca bastante em dividendos, o que, obviamente, limita a capacidade de crescimento tanto orgânico quanto inorgânico. Alternativamente, pode escolher um foco em crescimento orgânico e inorgânico, o que limita a capacidade de distribuição de dividendos.

Ainda não há uma resposta definitiva sobre qual será o foco. O que se sabe é que a companhia tem a capacidade de atuar em todas essas frentes. A administração, junto com o novo Conselho, ainda está definindo o equilíbrio e o apetite para cada uma dessas estratégias.

A beleza da 3R é que ela tem a capacidade de seguir os três caminhos: distribuição de dividendos, crescimento orgânico dentro do portfólio atual e crescimento inorgânico. A geração de caixa, quando se olha para trás, era limitada porque ambas as companhias estavam envolvidas em projetos relevantes e estruturantes.

No caso da Enalta, era a construção e consolidação do principal ativo, que era a Atlanta. No caso da 3R, era um processo subsequente de aquisições até chegar ao portfólio. Então, era um período de estruturação, recuperação de integridade, que ainda perdura.

Ainda há pelo menos seis meses de bastante trabalho em recuperar a integridade, recuperar a capacidade de produção e de tratamento.

Mas, olhando para frente, nos próximos 12 meses, a companhia combinada tem uma alta capacidade de geração de caixa. Essa geração de caixa representa até um lucro relevante, claro que sempre depende do preço do petróleo, mas mesmo em cenários mais desafiadores, essa companhia tem um potencial de geração de caixa bastante alto.

Money Times: Paralisação do Papa Terra preocupa?

Rodrigo Pizarro: Ainda não temos exatamente a data de retorno. Recebemos uma solicitação de informações da ANP e estamos providenciando.

Não deveria ser algo crítico, mas como depende da agência analisar as informações que vamos fornecer, é difícil precisar a data de retorno.

Entendemos que é factível ter uma resolução e apresentar essa documentação com um certo grau de celeridade.

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