Brava (BRAV3) sai do período mais desafiador e mira dividendos, diz Genial

A Genial Investimentos manteve uma visão construtiva para a Brava Energia (BRAV3) após o Dia do Investidor, avaliando que a companhia superou o período mais desafiador de sua história recente — marcado por pesados investimentos nos campos Papa-Terra e Atlanta e oscilações na produção em 2024.
Para a corretora, desde o início de 2025 a empresa vem entregando o prometido: produção consistente, redução dos investimentos com a entrada em operação dos projetos, captura de sinergias da fusão entre 3R e Enauta, gestão da dívida e desalavancagem via geração de caixa.
Para os próximos 12 meses, a corretora vê como principal motor de valorização a expansão do caixa operacional e a queda do endividamento.
A Genial projeta que, no quarto trimestre de 2026, novas perfurações em ativos offshore devem colocar a Brava em outro patamar de geração de caixa, abrindo espaço para distribuição de dividendos.
Apesar do otimismo, o relatório afirma que hoje os gatilhos de valorização são mais claros na Prio (PRIO3) do que na BRAV3. A recomendação para a Brava está sob revisão.
Atlanta e Papa-Terra como motores de crescimento
A companhia reafirmou, segundo a Genial, a meta de estabilizar a produção em 100 mil barris por dia (bpde) e prevê duas novas perfurações em Atlanta no 4T26, elevando de seis para oito o número de poços produtores.
A taxa interna de retorno estimada é de 38% em termos reais, considerando o preço atual do brent, com reflexos na produção a partir de 2027.
Em Papa-Terra, a produção estável em 19 mil bpde já marca máxima histórica. A empresa pretende ampliar a taxa de recuperação de cerca de 3% para até 15% do óleo in place (VOIP), o que implicaria novo salto produtivo para 30-35 mil bpde até o fim de 2026.
As novas perfurações têm taxa de retorno estimada em 33%. Mesmo com petróleo pesado, a Brava conseguiu reduzir o desconto comercial para patamar de um dígito.
Geração de caixa e redução da dívida
A produção média chegou a 91 mil bpde em julho e deve alcançar 100 mil até dezembro. A empresa projeta Ebitda anual de US$ 1 bilhão, ou pelo menos US$ 250 milhões por trimestre.
A meta é encerrar 2025 com alavancagem inferior a 2 vezes dívida líquida/Ebitda e iniciar o pagamento de dividendos em 2026, quando a alavancagem cair abaixo de 1,5 vez, destacou a Genial
Diversificação e estratégia no onshore
A Brava pretende manter o portfólio diversificado entre operações onshore, offshore e de refino/trading, aproveitando flexibilidade operacional e sinergias, disse a Genial.
A companhia também busca reduzir ainda mais o desconto comercial de seu petróleo pesado, com meta adicional de corte de cerca de US$ 0,50 por barril.
No onshore, a expectativa é de manutenção da produção, com menor investimento em perfuração devido ao foco na desalavancagem.
A empresa aposta em técnicas avançadas de recuperação, como injeção de polímeros, para melhorar o desempenho dos campos.
Brava no 2T25
A petroleira registrou lucro líquido de R$ 1,05 bilhão no segundo trimestre, com impulso de recordes de produção, receita e resultados operacionais, informou a empresa nesta quarta-feira.
O resultado reverteu um prejuízo líquido de R$ 582,1 milhões no mesmo período do ano anterior.
“A gente vem consolidando uma trajetória de entrega de resultados… tivemos um aumento de margem, melhora de caixa, dos endividamentos, foi um trimestre repleto de coisas boas”, disse o presidente da companhia, Decio Oddone, em entrevista à Reuters.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou recorde de R$1,33 bilhão entre abril e junho deste ano, alta de 29% ante o mesmo período de 2024.
O capex também foi reduzido no período, marcando o segundo trimestre consecutivo com redução na linha de investimentos, segundo a companhia. Isso foi possível, especialmente, pela finalização da primeira etapa do projeto Atlanta, que incluiu a perfuração de dois novos poços, a conexão de seis poços ao novo FPSO que entrou em operação em janeiro e a instalação de novos equipamentos submarinos.
Do lado da alavancagem, Oddone afirmou que a empresa encerrou o trimestre com US$ 933 milhões em caixa e indicador de dívida líquida/Ebitda de 3,1 vezes, reduzindo em 0,3 vez quando comparado com o primeiro trimestre. A expectativa, segundo o executivo, é encerrar o ano com o indicador de endividamento abaixo de 2 vezes e chegar a cerca de 1,25 vez em um prazo mais longo.
Sobre eventuais aquisições, Oddone afirmou que a empresa não tem atualmente “nada no radar”. “Nosso foco agora é desalavancar… e entrega operacional”, afirmou.
A receita líquida da empresa somou R$3,14 bilhões, alta de 0,4% ante o mesmo período do ano passado.
*Com informações da Reuters