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Breve marco temporal das carnes BR entre os árabes e o que esperar de BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3)

23 maio 2022, 15:07 - atualizado em 23 maio 2022, 15:21
Sadia
A BRF está presente em todos os países do Golfo Arábico com parcerias locais (Imagem: Divulgação/BRF)

Tudo começou com as exportações da Sadia em 1975 para os países árabes, com as carnes de frango.

Em 1977, foi criado um consórcio nacional de exportadores de frangos – a UNEF (União Nacional dos Exportadores de Frangos), com 10 produtores. A Perdigão integrava o consórcio, hoje em associação com a Sadia na BRF (BRFS3).

À época, a carne de frango não constava da pauta de exportações brasileiras, pois havia a concorrência internacional dos Estados Unidos e da França.

Cumpriram-se toso os procedimentos religiosos e sanitários da religião islâmica- o processo de abate dos animais no processo Halal, que na oportunidade era um procedimento pouco utilizado e desconhecido pelas empresas exportadoras.

A força dos concorrentes unidos no mercado externo. Uma ideia que deu certo. Em 1988, o consórcio deu por fim suas finalidades, visto que os produtores já estavam preparados para trilhar seus caminhos no Oriente Médio.

A Sadia construiu sua marca baseada em qualidade e no aspecto de saúde alimentar. Atendeu aos gostos dos consumidores locais, com frangos “griller” de até 1,2 kilos, para serem consumidos de imediato, nas refeições.

Destaque-se que havia uma certa confusão, pois muitos consumidores chamavam a Sadia de “Saudia”, confundindo que o produto era originário da Arábia Saudita.

Por várias vezes, em minhas viagem aos países árabes, visitava supermercados e conversava com consumidores e vários deles diziam que escolhiam Sadia, pois apresentava qualidade do alimento e usavam a expressão “Sadia means quality”, representando “Good Life”.

O preço era mais caro do que os concorrentes. Apesar da fusão Sadia e Perdigão, as marcas continuam a ser vendidas individualmente, embora evidentemente a Sadia é um ícone nos países islâmicos.

Com o crescente protecionismo, principalmente da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, com a imposição de sobretaxas de importação e acusações de “dumping”, a BRF instalou uma fábrica de processados de alimentos, primeiramente em Abu Dhabi, com incentivos fiscais e financeiros e, mais recentemente, a instalação na Arábia Saudita, com parceiros locais.

A BRF está presente em todos os países do Golfo Arábico com parcerias locais.

Bovinos

Com relação às carnes bovinas, as primeiras exportações ocorreram a partir de 1987, aos países árabes.

Todos os grandes players produtores brasileiros estão presentes, tais como entre outros, a JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3).

A Minerva tem investidor saudita. A SALIC (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company) é uma das acionistas, garantindo proteína animal para o consumidor saudita.

A JBS recentemente anunciou investimentos na implantação de uma fábrica de processados de alimentos na Arábia Saudita, o maior mercado da região do Golfo Arábico.

E como há um mercado comum do Golfo, denominado de Conselho de Cooperação do Golfo, os processados fabricados na Arábia Saudita são transacionados nos países membros, livres de impostos de importação (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Omã e Kuwait).

Em termos de carne bovina, essa proteína carece de uma marca conhecida como a australiana e a americana.

Há muito o que fazer para se ter uma marca conhecida, criando um diferencial de produto, como criar conteúdo de valor, desenvolver uma identidade visual consistente e planejar um serviço ao consumidor, o foco de sua marca para ter consumidores fiéis.

A JBS tem um longo caminho pela frente para se tornar uma marca conhecida, mas com a qualidade de seus produtos, no médio prazo alcançaram a meta de se tornar uma líder no mercado árabe e islâmico.

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CEO da Alaby & Associados, consultor da PNUD/ONU em counter trade, membro do Conselho de Comex da Fiesp, ex-diretor da Funcex e durante 35 anos foi secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, responsável direto por dezenas de missões institucionais e comerciais, além de participações em feiras, inclusive em apoio ao Itamaraty.
CEO da Alaby & Associados, consultor da PNUD/ONU em counter trade, membro do Conselho de Comex da Fiesp, ex-diretor da Funcex e durante 35 anos foi secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, responsável direto por dezenas de missões institucionais e comerciais, além de participações em feiras, inclusive em apoio ao Itamaraty.
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