BTG (BPAC11): Subiu o patamar? Ação salta mais de 7% após trimestre histórico; vale comprar?

Em um trimestre recheado de recordes, o BTG Pactual (BPAC11) teve o melhor resultado da sua história. O banco viu seu lucro disparar 42%, para R$ 4,2 bilhões, superando em 13% as estimativas da Bloomberg.
A cifra foi superior à do Santander Brasil (SANB11), que registrou lucro de R$ 3,6 bilhões.
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Não só isso: o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que já era elevado, avançou quatro pontos percentuais, alcançando 27%, deixando o Itaú Unibanco (ITUB4), com 23%, bem para trás.
Todas as linhas de receita cresceram entre 15% e 40% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Na abertura, às 10h, a ação saltava 7,35%, a R$ 42,96.
BTG: Resultado veio para ficar?
O resultado levou analistas a questionarem se o banco conseguirá repetir o desempenho nos próximos trimestres.
Isso porque a forte alta nas áreas de Investment Banking (banco de investimento) e Sales & Trading (vendas e negociação) é mais volátil e difícil de replicar, destaca o Safra.
Apesar disso, as casas ressaltam que o BTG constrói uma base sólida.
“Embora alguns investidores possam discutir potenciais eventos únicos, consideramos este um trimestre positivo”, escreveu o JPMorgan.
O banco destacou dois pontos principais:
- Apesar de possível volatilidade entre trimestres, no longo prazo há expectativa de crescimento em Sales & Trading (vendas e negociação) e Investment Banking (banco de investimento);
- Outras linhas de receita mais sustentáveis, como empréstimos corporativos, gestão de patrimônio e receitas de juros, também tiveram desempenhos sólidos.
“Acreditamos que isso pode levar a revisões do lucro por ação para cima, em relação ao consenso”, afirma o JPMorgan.
O desempenho forte em empréstimos corporativos foi atribuído, em parte, à área de special situations. Embora o aumento das receitas tenha trazido maiores despesas, o índice de eficiência (cost-to-income) melhorou para 36%.
Na visão do Safra, o BTG mantém uma base sólida, com receitas resilientes: crédito corporativo, gestão de patrimônio e receitas financeiras diversas, todas crescendo acima de 30%.
“Com expansão saudável da carteira de crédito, captação líquida consistente em wealth management (sugerindo ganho de participação de mercado) e patrimônio tangível sendo remunerado a uma taxa de 15%, acreditamos que o desempenho do 2T não foi pontual e pode impulsionar revisões de lucro”, afirma o banco.
Ainda segundo o Safra, o consenso de R$ 14,5 bilhões para o lucro anual parece conservador. A instituição recomenda compra para BPAC11, enquanto o JPMorgan manteve a indicação neutra.
Quando é ruim, é bom
Para o BB Investimentos, o BTG teve mais um resultado positivo.
“Quando é ruim é bom, e quando é bom, é ótimo – este tem sido o mote do BTG, que em trimestres mais fracos consegue driblar as adversidades por meio de suas fontes diversificadas de receitas e franquias”.
Ainda segundo os analistas, o banco não dá sinais de arrefecimento do bom momento que já surfa há anos, com forte execução de suas principais franquias, que crescem tanto orgânica quanto inorganicamente, permitindo não a manutenção, mas a expansão de rentabilidade.
“Apesar do ambiente monetário restritivo, o BTG deve continuar capturando ganhos de sinergia em sua estrutura de receitas diversificadas enquanto segue ampliando sua bandeira (exemplo com a aquisição da Julius Baer no Brasil) e atuação ao nível global (exemplo da aquisição do HSBC Uruguai)”.
Na visão do BB, o mercado de capitais também deve continuar ativo, favorecendo as vertentes mais sensíveis no curto prazo.
Com isso, a corretora elevou o preço-alvo para R$ 48 com recomendação de compra.
“Entendemos que pelos fatores elencados e pela qualidade de execução e consistência de resultados, é provável que vejamos uma reprecificação do valor justo das units do BTG no curto prazo”.