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BTG corta preço-alvo da Vale, mas vê grande desconto nas ações; dividendos podem chegar a US$ 10 bi em 2022

07 out 2021, 14:03 - atualizado em 07 out 2021, 21:48
Barragem
Para 2022, o BTG revisou o preço da commodity para US$ 100 e US$ 90/80/70/ por toneladas para 2023/24/longo prazo (Imagem: Divulgação Vale)

As grandes oscilações do minério de ferro vistas nos últimos meses fizeram com que o BTG cortasse o preço-alvo das ações da Vale (VALE3) para R$ 115, potencial de alta de 47% ante o fechamento da última quarta-feira (7).

Mesmo assim, o banco mantém o otimismo com a empresa. De acordo com os analistas Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima a ação já caiu o que devia cair diante do cenário adverso. A recomendação de compra foi mantida.

“A Vale está atualmente descontando um preço de minério de ferro de US$ 77-79 por tonelada (presume a inflação de custo). Se nós fizéssemos um fluxo de caixa descontado, esse número cairia ainda mais, mas nossa impressão é que mercado não se preocupa com modelo de fluxo de caixa atualmente”, afirmam.

Por volta das 13h50, as ações da Vale subiam 3,9%, a R$ 80.

Caiu demais

A equipe de analistas admite que a derrocada do minério de ferro, que chegou a US$ 200 a tonelada, a pegou de surpresa.  Para 2022, o BTG revisou o preço da commodity para US$ 100 e US$ 90/80/70/ por tonelada para 2023/24/longo prazo.

Nesses níveis, argumentam, a Vale continua a ser negociada a 3,5x o EV/Ebitda (valor da firma sobre Ebitda), gerando um rendimento de fluxo de caixa de 14%, “que consideramos atrativos”.

“Acreditamos que a história da Vale permanece sólida: a gestão continua altamente disciplinada na alocação de capital (modelo de negócios “asset light”), o que ainda implica que a maior parte da agenda deve envolver o retorno de caixa dos acionistas”, apontam.

Além disso, o BTG afirma que a empresa segue com a sua agenda ESG. “Um progresso tangível em termos de ESG, removendo o desconto excessivo atualmente atribuído ao preço de suas ações”, aponta. 

Dividendos continuam gordos

Pelos cálculos da equipe de analistas, a Vale entregará gordos dividendos, mesmo com a revisão dos preços: cerca de US$ 10 milhões, dividend yield de 13%.

No curto prazo, a empresa poderia anunciar dividendos extraordinários adicionais no quarto trimestre (além do lucro do terceiro trimestre), depois de pagar o máximo que poderia em setembro.

A própria mineradora informou que a geração de caixa continua altamente comprometida em devolver a maior parte do fluxo de caixa aos acionistas e a volatilidade recente não deve mudar isso.

Minério a US$ 79 toneladas

Com os preços do minério de ferro aparentemente em uma encruzilhada, uma das maiores produtoras globais da commodity está negociando em sua fase mais volátil desde os primeiros meses da pandemia.

Os esforços da China para reduzir a produção de aço, combinados com a turbulência no mercado imobiliário do país asiático, fizeram com que os futuros do minério de ferro perdessem metade de seu valor desde meados de julho, antes de recuperar algum terreno.

A Pacífico Gestão de Recursos já vinha reduzindo sua exposição à mineradora ao longo dos últimos meses, e terminou de zerar a posição em meio a preocupações com o impacto da crise da incorporadora chinesa Evergrande sobre o mercado imobiliário local.

“A situação da Evergrande pode não ser um Lehman, mas deve ter algum efeito na demanda por aço”, disse Leonardo Rufino, gestor da Pacífico. “Não dá para ser firme em achar que chegamos a um piso.”

A Vale chegou a ser uma das principais posições do Encore Long Bias, mas o fundo optou por se desfazer das ações.

“O papel negocia a um múltiplo baixo, mas o fato é que o ciclo do minério virou”, disse João Braga, sócio-fundador da Encore Asset Management.

Do BofA ao UBS, diversas casas abandonaram recomendações equivalentes à compra para as ações, após o colapso do minério eliminar cerca de US$ 50 bilhões do valor de mercado da companhia.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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