BTG projeta ciclo de cortes da Selic de três pontos, mas dois fatores podem fazer BC pisar no freio, diz Mansueto
O mercado aguarda ansioso por novos sinais sobre um eventual ciclo de flexibilização da política monetária brasileira e, para o BTG Pactual, essa redução deve somar três pontos percentuais (p.p.) ao longo de 2026. No entanto, movimentos bruscos no câmbio ou um cenário fiscal pior que o esperado podem levar o Banco Central a interromper os ajustes, afirma o economista-chefe Mansueto Almeida.
A projeção do banco é que a Selic permaneça em 15% até o fim deste ano. Os cortes devem começar de forma gradual em janeiro, alcançando 12% ao final de 2026 — movimento sustentado pela desaceleração da inflação e pela estabilidade do câmbio.
“No final de janeiro de 2026, teremos a primeira reunião do Banco Central para decidir taxa de juros e acreditamos que ele [o BC] irá iniciar o ciclo de corte de juros”, disse Mansueto em evento do BTG.
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O principal risco para a trajetória de cortes, segundo ele, é o comportamento da taxa de câmbio. “Em ano de eleição, em geral, costuma ter muita volatilidade no mercado”, afirmou.
O economista avalia que, caso ocorra algum movimento inesperado na taxa — como o dólar avançar para patamares entre R$ 5,80 e R$ 6 —, o BC possivelmente teria que interromper o ciclo de cortes. Ele ressaltou que a projeção de flexibilização da Selic pressupõe um câmbio mais estável, entre R$ 5,30 e R$ 5,40.
Para o BTG, no entanto, o cenário-base segue favorável, com o câmbio tendendo a não se afastar muito do nível atual.
A política fiscal também aparece entre os riscos. Parte dos agentes do mercado teme que o governo adote novos programas no ano eleitoral, potencialmente gerando uma surpresa indesejada na inflação. Mansueto, porém, avaliou que esse risco é limitado devido à fragilidade do governo no Congresso.
Ele também chamou atenção para possíveis pressões vindas dos Estados: “vários Estados estão com caixa relativamente gordo. Se eles aumentarem muito o gasto público, isso também será inflacionário”.
“Se vier um impulso fiscal muito grande dos governos estaduais e do governo federal, gastando muito além do que a gente espera, pode mudar totalmente o cenário de inflação”, afirmou.