Montadora chinesa BYD deve iniciar montagem local de carros elétricos no Brasil

A BYD está prestes a iniciar a montagem de veículos elétricos em uma nova fábrica no Brasil, possivelmente já neste mês, disse seu principal executivo no país, buscando reduzir importações à medida que as tarifas começam a subir em seu maior mercado fora da China.
Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil, disse que o objetivo é montar cerca de 50.000 carros este ano na fábrica na Bahia a partir de kits importados, acrescentando que está negociando uma alíquota de imposto menor para esses veículos.
“Devemos inaugurar nos próximos dias”, disse Baldy em uma entrevista no final da sexta-feira, sem especificar uma data, pois as aprovações regulatórias finais ainda estão a caminho. “O que tínhamos para este ano já foi importado para que a gente pudesse aproveitar (o momento), antes do aumento do imposto de importação que aconteceu no dia 1 de julho.”
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Para aproveitar tarifas temporariamente mais baixas, a BYD havia enviado uma grande quantidade de carros acabados para o Brasil este ano, cerca de 22.000 veículos da China nos primeiros cinco meses do ano, de acordo com cálculos da Reuters.
Isso gerou reclamações na indústria automotiva brasileira de que a BYD estivesse privilegiando a fabricação chinesa em detrimento da produção de sua nova fábrica na Bahia, onde uma investigação trabalhista e fortes chuvas afetaram os planos.
Um secretário de trabalho estadual disse em maio que a fábrica só estaria “totalmente funcional” no final de 2026. No entanto, Baldy disse que a fábrica está na direção de iniciar a produção local completa em julho de 2026, após montar veículos a partir de kits “complete knock down” (CKD) pelos próximos 12 meses.
Uma vez totalmente operacional, disse ele, o complexo em Camaçari deve gerar até 20.000 empregos diretos e indiretos.
As altas expectativas para a operação, no local de uma antiga fábrica da Ford assumida pela BYD em 2023, foram abaladas em dezembro, quando o Ministério Público do Trabalho apresentou acusações de abusos trabalhistas envolvendo empreiteiros chineses contratados para construir o complexo.
O MPT entrou com uma ação judicial em maio responsabilizando a montadora chinesa e empreiteiras por suposto tráfico de pessoas e submissão de trabalhadores a “condições análogas à escravidão”, após o fracasso das negociações para um acordo.
“Nós sempre buscamos respeitar a lei brasileira, a dignidade humana”, disse Baldy, acrescentando que a empresa queria chegar a uma resolução. Ele, entretanto, não disse por que falharam os esforços para um acordo.
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