Cade aprova sem restrições acordo entre BRB e Banco Master

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, o acordo entre o Banco de Brasília (BRB) e o Banco Master.
Segundo o parecer publicado no site do órgão regulador nesta terça-feira (17), a avaliação é de que a operação não representa riscos à concorrência, sendo que determinadas empresas vinculadas ao Banco Master não farão parte da aquisição pelo BRB.
O caso ainda pode ser levado ao Tribunal do Cade, caso haja manifestação de algum conselheiro ou agente do mercado. Se isso não ocorrer no prazo de 15 dias, a operação será considerada aprovada de forma definitiva no âmbito concorrencial.
A conclusão do negócio, no entanto, ainda está sujeita à aprovação do Banco Central.
Quais ativos ficam de fora?
Uma das grandes dúvidas do mercado era em relação aos ativos que o BRB (Banco de Brasília) não irá incorporar na compra do Banco Master.
Considerados de maior risco, esse pedaço será transferido para uma nova empresa, denominada Master Serviços S.A. (internamente chamada de “Master Serviços”), segundo o documento entregue ao Cade.
Fazem parte desse pacote de ativos excluídos:
- Banco Master de Investimento S.A., incluindo sua subsidiária;
- KOVR Participações S.A., incluindo suas subsidiárias;
- Master Patrimonial Ltda., incluindo suas subsidiárias;
- Mombaça Empreendimentos e Participações S.A.;
- NK 031 Empreendimentos e Participações Ltda., incluindo suas subsidiárias;
- Santa Ester Empreendimentos e Participações S.A., incluindo suas subsidiárias.
Papelada já está no Banco Central
Segundo informações do Estadão, o banco estatal já entregou ao Banco Central (BC) o documento final com a proposta de aquisição.
De acordo com o jornal, o BRB pretende excluir cerca de R$ 33 bilhões em ativos de menor liquidez e precificação complexa, justamente para reduzir os riscos da operação.
Essa era uma das exigências do BC para seguir com a análise do processo. Sem esse aval, não há negócio.
Desde o anúncio da compra, o mercado especula sobre uma possível resistência do Banco Central, dado o tamanho e o risco da operação.
Vorcaro vende ativos pessoais para viabilizar o negócio
Para tornar a operação menos arriscada, o próprio fundador do Banco Master, Daniel Vorcaro, precisou vender ativos para capitalizar a instituição.
O banqueiro levantou R$ 1,5 bilhão com a venda de participações em empresas como Light (LIGT3), Méliuz (CASH3), além de ativos como créditos, imóveis e precatórios.
Essa operação foi acompanhada e aprovada pelo Banco Central, pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Compra do Banco Master
A compra de 58,04% do capital social do Banco Master, por cerca de R$ 2 bilhões, por parte do BRB foi anunciada no dia 28 de março.
O negócio inclui também duas operações do Master, o will bank e o Credcesta. Além disso, Daniel Vorcaro, que preside o banco, irá para o conselho do BRB.
No entanto, a aquisição despertou preocupações no mercado devido ao crescimento explosivo do banco em pouco tempo (o Master, antigo Banco Máxima, passou por uma reestruturação e ganhou o atual nome em 2021).
Isso porque a expansão foi impulsionada por ativos de risco, com uma captação via CBDs com taxas de juros chegavam a pagar até 130% do CDI.
Ao contrário de muitos bancos médios, cuja carteira é composta majoritariamente por empréstimos ao varejo e/ou atacado, aproximadamente 34% da carteira do Banco Master são em títulos e créditos a receber.
Na época, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) estaria preparado em uma remota quebra do Banco Master. Além disso, não via um risco sistêmico caso isso ocorra, disse uma fonte de mercado ao Money Times.
Com informações do Estado de S.Paulo e Seu Dinheiro