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Caio Mesquita: na Bolsa, melhor não ter mapa algum do que ter o mapa errado

12 jul 2020, 11:31 - atualizado em 12 jul 2020, 11:31
Personnalité
Não há problemas em receber orientações de um vendedor, desde que mantenhamos em mente os reais objetivos do nosso interlocutor (Imagem: Reprodução/ Youtube do Personnalité)

Impulsionados por uma Selic de pouco mais de 2% ao ano, investidores pessoas físicas cravaram mais um recorde nesse mês de junho, totalizando cerca de 2,5 milhões de CPFs ativos na B3 (B3SA3).

Apesar de formidável, tal marca demonstra ainda o subdesenvolvimento do nosso mercado — apenas 1 em cada 100 brasileiros tem alguma exposição direta a ações.

De qualquer forma, aqui na Empiricus comemoramos qualquer avanço dos brasileiros na busca por melhores oportunidades para alocação de nossas suadas economias.

Quando da nossa fundação, lá em 2009, investir na Bolsa de Valores era para poucos e bons.

Colocamos a nós mesmos o desafio de trazer o universo dos investimentos, especialmente no segmento de renda variável, para todos, sem privilégios ou contrapartidas.

Nunca escondemos nossa predileção por ações, apesar de a nossa equipe de mais de 30 especialistas cobrir todo o espectro de alternativas de investimentos, da renda fixa até as criptomoedas.

Desde o início da Empiricus, na Rua Sarita Cyrillo, respiramos Bolsa.

Sempre insistimos também nos benefícios da diversificação. Investir em ações só faz sentido dentro de uma carteira diversificada que contenha outras classes de ativos, bem como proteções.

Progressivamente, fomos angariando nossos 350 mil assinantes pagantes dentro de um modelo absolutamente independente, livre dos conflitos de interesse que afligem a indústria financeira, especialmente no Brasil.

Nesta semana, o jornalista Fernando Torres abordou de maneira brilhante o tema dos conflitos nas recomendações de investimentos, aproveitando a recém-escalada da disputa dos sócios Itaú e XP Investimentos.

Gerentes de bancos e assessores de investimentos têm formas de remuneração distintas. A natureza do aconselhamento é semelhante, porém, pois ambos têm como objetivo primeiro a geração de receitas para suas respectivas instituições. Não há problemas em receber orientações de um vendedor, desde que mantenhamos em mente os reais objetivos do nosso interlocutor. Afinal, não há almoço nem assessoria financeira grátis.

É inegável o trabalho das plataformas de investimento em ampliar o leque de alternativas de alocação. Difícil imaginar que a B3 teria atingido a participação atual de pessoas físicas se dependesse apenas das recomendações dos gerentes de banco.

De qualquer forma, a disputa dos sócios traz luz a um tema que começa a receber a real importância, dado o crescimento do mercado.

Em países mais desenvolvidos, a regulação separou o aconselhamento da execução, mitigando conflitos.

Enquanto escrevo esta newsletter, acabo de receber um alerta de que o Rodolfo fez uma alteração nas recomendações do seu PRP. Pelo nosso próprio modelo de negócios, não há por que duvidar de que tal alteração venha de um interesse genuíno do Rodolfo de orientar melhor seus assinantes.

Não se pode dizer o mesmo quando corretoras atualizam em frequência frenética suas carteiras recomendadas. As recomendações só geram receitas desde que implementadas dentro da própria corretora, daí o incentivo de “girar” as carteiras e monetizar tais recomendações.

Na recomendação de fundos, o jogo é parecido. Distribuidores recebem rebates, ou seja, ganham parte das taxas de administração e performance embutidas nos fundos. Como as remunerações são cobradas por dentro da estrutura de comissões, o investidor final não sente o dinheiro saindo do bolso.

O conflito toma outras dimensões quando os interesses de grandes clientes das instituições financeiras são opostos aos dos pequenos aplicadores. É improvável um analista de banco recomendar a venda dos papéis de um grande cliente corporativo. Mais uma vez, o pequeno investidor paga a conta sem saber, na forma de recomendações enviesadas.

Há excelentes oportunidades para se investir em empresas brasileiras e internacionais.  Deixe o trabalho de garimpá-las para quem não só está alinhado para ajudá-lo(a), mas também tem o histórico e a qualificação para fazê-lo.

Parafraseando Nassim Taleb, melhor não ter mapa algum do que ter o mapa errado.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço,
Caio

P.S.: É imprescindível que você baixe o aplicativo da Empiricus. Informação de mercado e as melhores recomendações independentes para os seu dinheiro.

CEO da Empiricus e Presidente da Acta Holding