Caixa diz que está tranquila sobre inadimplência e otimista para crédito imobiliário
A Caixa Econômica Federal está segura em relação aos seus níveis de provisão para créditos de liquidação duvidosa e tranquila em relação ao comportamento da inadimplência no banco, afirmaram executivos da estatal nesta quinta-feira (27), que também adotaram um tom otimista para o crédito imobiliário após mudanças recentes envolvendo a oferta de recursos para esses financiamentos.
“A habitação continua sendo e será durante muito tempo, certamente, a nossa grande alavanca”, disse o presidente da Caixa, Carlos Vieira, citando que as últimas mudanças terão um papel muito forte na construção dos fundings. “Isso nos permite vislumbrar algo em torno de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos.”
Em meados de outubro, o governo anunciou mudanças nas regras do crédito imobiliário, prevendo uma flexibilização gradual do direcionamento obrigatório dos depósitos nas cadernetas de poupança a essa modalidade de financiamento e também da parcela recolhida compulsoriamente ao Banco Central.
Outra alteração envolvendo o setor foi anunciada na véspera, quando o Conselho Curador do FGTS aprovou medida que permite que quem financiou um imóvel entre 2021 e 2025 use o FGTS para ajudar a pagar o financiamento.
Isso vale para imóveis de até R$ 2,25 milhões e pode ser usado para amortizar, comprar ou abater parte das parcelas.
Inadimplência
No terceiro trimestre (3T25), o índice de inadimplência acima de 90 dias total da Caixa aumentou para 3,01%, de 2,27% um ano antes e 2,66% três meses antes.
No crédito imobiliário, esse percentual ficou em 1,3%, enquanto em pessoa física subiu a 6,25% e pessoa jurídica atingiu 12,50%. No agronegócio, saltou para 11,20%.
A provisão para créditos de liquidação duvidosa alcançou R$ 5,07 bilhões, um salto de 64,5% ano a ano e de 43,9% no trimestre.
De acordo com a vice-presidente de Risco do banco, Henriete Bernabé, esse aumento na provisão ocorreu principalmente por efeitos relacionados à estratégia da estatal para a implementação da resolução 4.966, que entrou em vigor no começo do ano.
Entre as mudanças da nova regra está a alteração de como os bancos mensuram as provisões para créditos problemáticos.
O vice-presidente de finanças da Caixa, Marcos Brasiliano, reforçou que o banco está bastante seguro em relação ao volume de provisões, bem como não há problemas estruturais do ponto de vista da dinâmica da inadimplência da instituição.
O executivo destacou que a Caixa não percebe uma crise de renda ou de emprego. “O endividamento das famílias é algo que, de fato, preocupa, mas é muito mais pela taxa de juros no patamar que está do que propriamente pelo volume”, afirmou, ressaltando que o balanço está muito bem protegido.
“Quando começamos a pensar em 2026 enxergamos também uma oportunidade… com uma possível redução da taxa de juros”, completou.
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Agro
Em relação ao agronegócio, os executivos da Caixa afirmaram que o banco passou por um aprendizado, após crescimento rápido da carteira, e que a mitigação de riscos está ocorrendo de várias formas, com separação do “joio do trigo” na decisão das medidas.
“Na relação que houve uma quebra de confiança, a Caixa já começa a ser muito dura”, disse Vieira.
A Caixa já tinha expectativa de crescimento da inadimplência no terceiro trimestre, e isso se confirmou, o que fez aumentar também a provisão nesse segmento, acrescentou a vice-presidente de risco do banco, Henriete Bernabé.
“Olhando o terceiro trimestre, nós já vemos um crescimento maior em agosto e setembro arrefecendo ou entrando num nível de estabilidade”, acrescentando que medidas recentes devem dar “oportunidade de boas renegociações no quarto trimestre”.
“Acreditamos que os resultados de recuperação de crédito do agro serão bons no quarto trimestre”, acrescentou a executiva.
A carteira do agronegócio somou R$ 61,8 bilhões no terceiro trimestre, de um portfólio de crédito total de R$ 1,3 trilhão da Caixa no período.
Bernabé também destacou que a piora na inadimplência comercial em pessoa jurídica, que se concentra em micro e pequenas empresas, refletiu o comportamento de safras de crédito anterior.
“Nós fizemos ajustes nos nossos modelos de risco, então as safras do ano passado e deste ano já estão com maior qualidade e acreditamos que… já está entrando numa estabilidade”, afirmou, acrescentando ainda que o tamanho dessa carteira também não é tão relevante, então por isso não preocupa. No terceiro trimestre, o portfólio comercial PJ somou R$ 110,8 bilhões.
A Caixa divulgou resultado na véspera (26), com lucro líquido recorrente de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 15,4% em relação ao mesmo período do ano passado.