Educação

Califórnia mostra que cotas de diversidade podem funcionar

02 mar 2020, 15:06 - atualizado em 02 mar 2020, 15:06
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Congressistas da Califórnia aprovaram o projeto de lei em 2018, exigindo que todas as empresas listadas do estado tivessem pelo menos uma diretora até o fim do ano passado (Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Maggie Wilderotter nunca foi fã de cotas de diversidade. Wilderotter, que fez parte de mais de 30 conselhos de administração em sua carreira, argumentava que as cotas poderiam incentivar empresas a contratar mulheres não qualificadas ou despreparadas para o cargo.

Mas, depois de ver os efeitos de uma polêmica lei da Califórnia que obriga a presença de uma mulher no conselho de todas empresas de capital aberto, percebeu que a medida pode fazer diferença.

“Acredito que as cotas em vigor se tornaram um catalisador”, disse Wilderotter, que atualmente faz parte de cinco conselhos, que incluem o da Costco Wholesale e o da Lyft.

“Tenho assento em várias empresas de tecnologia, privadas e de capital aberto, e houve um foco renovado em garantir que todas as listas de novos diretores incluam mulheres” e as companhias têm sido sérias sobre a inclusão de mulheres nos conselhos.

Congressistas da Califórnia aprovaram o projeto de lei em 2018, exigindo que todas as empresas listadas do estado tivessem pelo menos uma diretora até o fim do ano passado.

Na segunda-feira, o estado deve publicar a primeira lista oficial de empresas que não cumpriram a regra. Cada uma pode pagar multa de US$ 100 mil e terá que pagar três vezes esse valor se não cumprir a regra até o fim do ano.

Mas a lista de empresas infratoras deve ser curta. A maioria das empresas decidiu contratar mulheres após a promulgação da lei.

Desde então, as mulheres representam cerca de 45% dos novos assentos nos conselhos em empresas com sede na Califórnia que fazem parte do índice Russell 3000 em comparação com cerca de 31% nos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os resultados desafiam uma crença profundamente enraizada nas salas de reuniões. Cerca de 83% dos diretores corporativos eram contra cotas de diversidade, que incluíam mais da metade das mulheres pesquisadas, segundo pesquisa realizada no ano passado pela PricewaterhouseCoopers.

Wilderotter, de 65 anos, disse que suas empresas não estão apenas cumprindo a cota; muitas vão além. Na Costco e em dois outros conselhos em que atua, cada uma tem pelo menos três mulheres.

Ela foi a segunda mulher nomeada para o conselho da Cadence Design Systems, designer de chips da Califórnia, e a empresa está em busca de uma terceira. “As oportunidades estão se abrindo”, disse.

A mudança pode ser parcialmente atribuída à próxima fase da lei da Califórnia, que entrará em vigor no final de 2021. A legislação exige que as empresas com cinco diretores incluam duas mulheres no conselho, e as com seis ou mais pessoas tenham três mulheres.

Outro incentivo é que investidores como a BlackRock têm votado contra conselhos sem mulheres. E o Goldman Sachs disse que não coordenará ofertas públicas iniciais para empresas com conselhos não diversos.

A Greenlane Holdings, que fabrica produtos vaping de cannabis, foi a única das 25 empresas com os maiores IPOs dos EUA no ano passado com uma diretoria só de homens, de acordo com estudo divulgado na quinta-feira pelo “2020 Women on Boards”, uma organização que defende a diversidade.

A Califórnia agora oferece oportunidades para mulheres que nunca fizeram parte de conselhos. No ano passado, a maioria das mulheres que passou a fazer parte de conselhos anteriormente só de homens na Califórnia não participava de nenhum outro conselho de empresa de capital aberto, segundo pesquisa da KPMG.

“Quando a lei foi aprovada, havia uma percepção de que o número de candidatas qualificadas era limitado”, disse Annalisa Barrett, especialista em governança da KPMG. “Não parece ter sido o caso.”

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