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Calor extremo gera prejuízos em lavouras de soja e milho; produtor deve reduzir 70% da área plantada

13 nov 2023, 11:36 - atualizado em 13 nov 2023, 11:36
calor soja milho lavouras
No Mato Grosso, calor extremo resulta em perdas na produtividade para soja e produtores precisam replantar lavouras com milho (Foto: Aprosoja MT)

A falta de chuvas e o calor extremo têm provocado prejuízos nas lavouras de soja em Mato Grosso, com perdas de produtividade, necessidade de replantios e comprometimento da janela de semeadura do milho. Produtores já afirmam que vão reduzir a área destinada para o cereal e há também agricultores que não vão semear a cultura na safra 2023/2024.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, destaca que as condições das lavouras preocupam. De acordo com o Imea, a semeadura da soja alcançou 91,82% até sexta-feira (10) e está 3,69 pontos percentuais atrasados em relação à média dos últimos cinco anos.

“Isso traz muita preocupação, muita angústia, uma vez que o desenvolvimento é complexo, o produtor fica inseguro da própria comercialização e dos próprios investimentos. É com muita apreensão que a gente traz esses relatos e torcendo para que venha uma chuva para melhorar as condições das nossas lavouras”, destaca Fernando Cadore.

A Fazenda Galera, em Conquista D’Oeste, por exemplo, ainda não iniciou o plantio da oleaginosa, faltando pouco mais de 40 dias para encerrar o período de semeadura, que vai até 24 de dezembro. Na temporada anterior, mais de 80% da área já havia sido semeada até o dia 1º novembro, de acordo com o agrônomo da fazenda, Leonardo Marasca.

Riscos para milho e soja

A semeadura do milho já foi descartada e o grupo já prevê a necessidade de ir ao mercado para comprar milho para alimentar os bois em confinamento.

“Os pedidos de semente de milho que a gente tinha já foram cancelados. O impacto é muito grande. Vamos ter que buscar no mercado um milho provavelmente com preço mais alto para suprir a demanda. Hoje ficou inviável a produção de milho aqui na fazenda, a gente não vai plantar, infelizmente”, afirma Marasca.

Já o produtor Oleonir Favarin, da Fazenda Flor de Lis, em Santo Antônio do Leste, relata que iniciou o plantio com 20 dias de atraso em relação à safra passada. Porém, de 300 hectares semeados, ele precisou replantar 120 hectares, pois alguns talhões ficaram cerca de 20 dias sem chuvas. A área destinada para o milho será reduzida em 70%.

“Eu vou plantar 30% do normal que eu planto, vamos ver o que vai acontecer para frente, mas é só 30%, no máximo. A janela para semear o milho não fecha mais”, afirma o produtor.

Quem também deve reduzir a área do cereal é o produtor Ronan Poletto, da Fazenda Juliana, em Sorriso, que iniciou o plantio da soja com 10 dias de atraso. Em razão do clima atípico, Poletto prevê uma redução de 15% a 20% na produtividade. Ele relata que na safra anterior colheu 64 sacas de soja por hectare e espera colher apenas 55 sacas nesta safra.

“Nesse ano, se a gente conseguir 55 sacas de soja seria um feito histórico. Já o milho, os últimos talhões, vão ficar no risco, não vai produzir 100%. Também temos uma área em Itanhangá e vamos reduzir a área de milho em 40%. Está muito tarde, não adianta arriscar, é arriscar para perder. Numa época dessa, o melhor é perder menos, arriscar menos”, afirma Poletto.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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