Consumo

Caminhões são maior gargalo em cadeia alimentar global

03 abr 2020, 15:57 - atualizado em 03 abr 2020, 15:57
Caminhão Rodovias Estradas
Os problemas destacam a vulnerabilidade do complicado e necessário processo para transportar produtos da fazenda até a mesa (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Caminhoneiros que transportam alimentos enfrentam atrasos no mundo todo no mais recente gargalo das cadeias de suprimentos provocado pela pandemia de coronavírus.

Motoristas precisam esperar várias horas na Europa devido a restrições impostas para controlar a propagação do vírus. Na América do Sul, em alguns países a legislação local entra em choque com as ordens nacionais, que consideram o transporte de alimentos um serviço essencial, deixando os suprimentos às vezes parados nos armazéns.

Em partes da África, com a interrupção do transporte público, os motoristas sequer podem fazer seu trabalho. E grandes picos de demanda causaram atrasos no carregamento em alguns armazéns dos Estados Unidos.

Em quase todos os lugares, o acesso de motoristas a serviços essenciais foi reduzido ou até cortado. Está cada vez mais difícil encontrar lugares para comer com restaurantes fechados e caminhões grandes demais para passar por pistas de drive-thru. Um lugar razoável para dormir, tomar banho e até usar um banheiro limpo agora é difícil de encontrar.

Diante dessas dificuldades, alguns caminhoneiros de países como o Brasil, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, até se recusaram a fazer novas viagens nas últimas semanas.

Os problemas destacam a vulnerabilidade do complicado e necessário processo para transportar produtos da fazenda até a mesa. Quase todos os alimentos e produtos agrícolas são transportados por estradas em algum momento, seja de um campo para um terminal de grãos, de uma unidade de processamento a um porto ou de um atacadista para uma loja.

“Nunca tivemos nada dessa magnitude e tão generalizado”, disse Derek Couros, diretor-presidente da Werner Enterprises, uma das cinco principais transportadoras de caminhões dos Estados Unidos, referindo-se às pressões no setor. “Mas estamos funcionando e precisamos continuar assim.”

Bob Stanton, um motorista de caminhão de 62 anos com três tipos de doença, disse que tem medo de pegar o Covid-19 e só tem meia lata de spray desinfetante. Ele não sabe onde fazer o teste se tiver sintomas e tem medo de ficar doente longe da casa em Illinois. Apesar disso, ele rejeitou a ideia de usar dias de férias para enfrentar a pandemia.

“Se eu tirar férias de duas semanas, todos vocês morrerão de fome”, disse. O caminheiro, com 20 anos de estrada, havia acabado de levar açúcar para Memphis, cereal para Chicago e esperava um carregamento em Batavia, Illinois, para a carga destinada a um centro de distribuição do Walmart, em Hopkinsville, Kentucky.

“Estou aqui tentando manter todos vocês alimentados.”

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