Mercados

Campos Neto e Powell estão no mesmo barco e este dado de inflação prova isso

11 maio 2023, 15:24 - atualizado em 11 maio 2023, 15:32
Inflação Campos Neto Powell
Inflação sem esboço de reação é convite para manutenção de juros altos por mais tempo. (Imagem: REUTERS/Jim Vondruska)

A inflação americana divulgada ontem agradou pouco os mercados. O avanço de 0,4% na base mensal e 4,9% no acumulado dos 12 meses estava alinhado às expectativas dos analistas, mas só isso não foi o suficiente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A “água no chopp” da comemoração de Wall Street foi a falta de reação do núcleo da inflação na leitura de abril.

Como se fosse um “subíndice” dentro da inflação cheia, o núcleo desconsidera o preço de segmentos mais voláteis da economia, como alimentos e energia. Na prática, é dentro do núcleo que está a inflação mais desafiadora a Powell e os demais dirigentes do Fed.

Em abril, o núcleo da inflação subiu 0,4% na base mensal e acumulou 5,5% nos 12 meses, patamar acima da inflação principal. O núcleo recebeu a ajudinha da aceleração de 0,6% em bens de consumo e 0,4% de serviços gerais que excluem a moradia.

Mas também para a moradia, o CPI não trouxe notícias efusivas e isso é um dos pontos cruciais da leitura. De acordo com a Capital Economics, “a falta de indicação de queda no setor permanece uma preocupação, principalmente porque é um segmento que está sendo acompanhado de perto pelos dirigentes do Fed”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Powell e Campos Neto no mesmo barco

Ao desmembrar o dado da inflação, fica claro que a persistência da inflação continua sendo um desafio para Jerome Powell. Como disse o próprio presidente do Fed na última coletiva a jornalistas, dados direcionarão as próximas decisões de juros.

Interpretado à luz da divulgação do payroll da semana passada e do CPI de ontem, o mais provável é que a autoridade monetária mantenha os juros no patamar em que estão e dobre a aposta no mantra “mais alto por mais tempo”. Além disso, a possibilidade de uma nova alta de 0,25 ponto percentual não está totalmente descartada, diz o Fed Funds.

Tudo isso faz a situação de Powell ser muito parecida com a vivida por Roberto Campos Neto. O presidente do Banco Central e os demais dirigentes votantes do Copom bateram o pé na última reunião de política monetária e mantiveram a Selic a 13,75%, apesar dos protestos do governo.

E mais: na ata, o Campos Neto e os demais dirigentes disseram não haver condições observáveis para corte na taxa de juros nos próximos meses. Afinal, as expectativas de inflação continuam desancoradas e efeitos inflacionários da volta de impostos sobre combustíveis inspiram um ‘pé atrás’.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Porém, mesmo sem o Fed e o BC concederem qualquer indicação na direção de corte das taxas de juros, os mercados americano e brasileiro têm sido voluntariosos em precificar quedas até o fim de 2023.

De acordo com análise da XP, após a divulgação da inflação americana de ontem, a aposta dos mercados americanos é em um corte de 72 pontos-base (0,7 ponto-percentual) até o fim de 2023.

Em um movimento semelhante, a ata atrevida do Copom da semana passada foi recebida com um corte de juros do mercado.

Na oportunidade, o economista André Perfeito comentou: “após um comunicado que insistiu em falar que o Copom pode subir a Selic, o mercado resolveu ele mesmo antecipar o BCB e cortar os juros longos”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas pode melhorar?

No caso americano, embora o cenário de inflação continue indigesto ao investidor, há motivos para crer que a leitura de maio e junho da inflação — sobretudo, a parte de serviços – será um tanto quanto melhor do que a do mês passado.

Segundo a Capital Economics, “uma suavização das condições do mercado de trabalho prevista para os próximos meses pode aplacar o núcleo de serviços de uma maneira mais consistente em breve”.

Já no Brasil, a inflação real pode surpreender positivamente já na próxima leitura. De acordo com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, o IPCA de abril divulgado na próxima sexta-feira (11) trará boas notícias.

Para esta rodada, deva se manter dentro do teto da meta pelo segundo mês consecutivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar