Cancelamento difícil do Amazon Prime vira multa de US$ 2,5 bilhões nos EUA

A Amazon aceitou pagar US$ 2,5 bilhões para encerrar um julgamento que já estava em andamento em Seattle. A empresa foi acusada de induzir consumidores a aderirem ao Prime sem transparência nos termos e de dificultar o cancelamento da assinatura.
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Do total, US$ 1,5 bilhão será destinado a reembolsos de cerca de 35 milhões de clientes nos EUA afetados entre 2019 e 2025. O valor individual pode chegar a US$ 51. Quem usou os benefícios menos de três vezes no período receberá automaticamente; quem utilizou até dez vezes precisará registrar pedido.
Multa recorde da FTC
Nos EUA, o Amazon Prime custa US$ 139 por ano ou US$ 14,99 por mês; já no Brasil custa R$ 19,90 por mês. Segundo a Comissão Federal de Comércio (FTC), a Amazon usava botões e pop-ups enganosos — como o “Não, não quero frete grátis” — e períodos de testes que se convertiam em cobrança automática ao término do prazo de gratuidade.
O presidente da FTC, Andrew Ferguson, afirmou que a empresa lançou mão de “armadilhas sofisticadas” para manipular consumidores, impondo a maior penalidade civil já aplicada pela agência.
A Amazon não admitiu nem negou responsabilidade. Disse apenas que “sempre seguiu a lei” e que o acordo permite “seguir em frente”. Segundo o porta-voz Mark Blafkin, a empresa já trabalha para tornar inscrição e cancelamento “claros e simples”.
Críticas ao acordo
O processo começou em 2023, sob a gestão de Lina Khan, no governo Biden, e terminou agora, sob Ferguson, nomeado por Trump.
Apesar do valor histórico, críticos classificaram o acordo como tímido, já que a FTC deixou de insistir na regra do “Clique para Cancelar”, aprovada no governo anterior, mas derrubada por um tribunal em 2025.
Para Nidhi Hegde, do Projeto de Liberdades Econômicas Americanas, sem essa regra a decisão é comparável a “acertar a toupeira”: resolve casos pontuais, mas não elimina o problema.
Com a multa, a Amazon terá de rever botões, mensagens e criar uma saída mais simples para quem quiser cancelar o Prime nos EUA. A questão que fica é se a empresa fará o mesmo em outros mercados, como Brasil e Reino Unido.
Procurada pelo Money Times, a Amazon não respondeu até a publicação desta reportagem.