Internacional

Candidato de Trump é o mais próximo de vencer eleição do Banco Interamericano de Desenvolvimento

10 set 2020, 13:38 - atualizado em 10 set 2020, 13:38
O banco, com sede em Washington, empresta mais de US$ 10 bilhões por ano para financiar programas sociais e de infraestrutura na região (Imagem: Wikimedia Commons)

O candidato do presidente americano Donald Trump, Mauricio Claver-Carone, está mais perto de se tornar o novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento depois que o México decidiu rejeitar um possível boicote à votação que ocorre no sábado.

O governo do México – que juntamente com Chile, Argentina, Costa Rica e União Europeia havia dito no mês passado que a eleição devia ser adiada – planeja participar da votação, segundo uma pessoa a par do plano, que pediu para não ser identificada. O México tem 7,3% do poder de voto, por isso o banco provavelmente conseguirá os 75% de participação necessária para realizar a eleição.

A Secretaria da Fazenda do México, que coordena a relação do país com bancos multilaterais, não quis comentar, tampouco o BID.

O banco, com sede em Washington, empresta mais de US$ 10 bilhões por ano para financiar programas sociais e de infraestrutura na região e é visto como chave para financiar a recuperação da América Latina dos efeitos causados pela pandemia de coronavírus.

Luis Alberto Moreno, atual presidente e ex-embaixador da Colômbia nos Estados Unidos, deve deixar o cargo no fim do mês, após 15 anos no comando.

Alguns países pediram para atrasar a votação devido à pandemia, mas nos bastidores o que pesou foi o fato de Trump ter indicado um assessor de linha dura com Cuba e Venezuela, interrompendo seis décadas de tradição de um latino-americano no comando.

Trump indicou Claver-Carone em meio à divisão da região entre esquerda e direita, sem conseguir chegar a um acordo sobre um candidato. A Argentina também buscou o posto para Gustavo Beliz, assessor do presidente Alberto Fernández, com o apoio do México.

Claver-Carone precisa de maioria absoluta para vencer. Colômbia e Brasil declararam apoio à sua candidatura anunciada em junho, assim como Equador, Paraguai, Honduras, El Salvador, Panamá, Jamaica e Venezuela, representada pelo líder da oposição, Juan Guaidó.

À margem de um seminário em Montevidéu na quarta-feira, o ministro da Economia do Uruguai, Azucena Arbeleche, também disse que o país apoiará Claver-Carone nas eleições deste fim de semana. Juntamente com os EUA, esses países representam cerca de 52% das ações com direito a voto do BID.

Em entrevista no mês passado, o cubano-americano Claver-Carone disse que transformará o banco em um peso-pesado financeiro para conter a influência da China nas Américas.

Para amenizar a preocupação por comandar uma organização normalmente liderada por latino-americanos, Claver-Carone disse que conversou com representantes do Brasil sobre o cargo de vice do BID e acrescentou que nomeará líderes do Caribe e da América Central.

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bloomberg@moneytimes.com.br