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Caos de crédito global deixa empresas secas por dívida no vácuo

16 dez 2022, 10:25 - atualizado em 16 dez 2022, 10:25
Barclays
O Barclays está aconselhando as empresas a se prepararem para janelas de emissão com o maior número de dias possível (Imagem: Reuters/Toby Melville)

As vendas globais de dívida corporativa caminham para o ano mais fraco em mais de uma década, com um agravante incomum: com as oscilações bruscas do mercado, as janelas de captação muitas vezes fecham antes que os tomadores consigam vender os títulos.

A tendência deve continuar em 2023 porque os comitês de crédito de algumas empresas não estão acostumados com tanta volatilidade e uma demanda que pode evaporar de uma hora para outra depois que eles aprovam uma emissão, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

É uma dor de cabeça para empresas que precisam refinanciar suas dívidas, principalmente depois que grandes bancos centrais reafirmaram esta semana que pretendem continuar aumentando juros. Muitas também enfrentam um possível rebaixamento de suas classificações de risco em meio à queda do consumo em economias em desaceleração e inflação ainda alta. Isso pode aumentar ainda mais os custos de captação.

“Muitos ficarão sem ter o que fazer por um tempo e adiarão gastos até que tenhamos mais clareza” sobre as perspectivas econômicas, disse Sarah Boyce, diretora da Associação de Tesoureiros Corporativos, com sede em Londres. “O custo mais caro da dívida será levado em consideração em todas as decisões daqui para frente.”

Com os custos de captação mais altos e o impacto da guerra na Ucrânia na demanda, as vendas globais de títulos corporativas caíram para cerca de US$ 2 trilhões este ano, segundo dados da Bloomberg. É o nível mais baixo desde 2011.

A perda de confiança foi tão dramática que algumas empresas europeias ainda não voltaram ao mercado de dívida depois de quase um ano inteiro porque continuam perdendo janelas de captação, de acordo com uma fonte de um credor dos EUA, que pediu para não ser identificada.

O Barclays está aconselhando as empresas a se prepararem para janelas de emissão com o maior número de dias possível.

“Você precisa ser o mais flexível possível, inclusive na precificação”, disse Peter Mason, chefe de mercados de capitais do banco para Europa, Oriente Médio e África. “Invista mais na atualização da documentação, seja ágil e marque reuniões. Os investidores querem ver você, especialmente se você tiver uma história de crédito complicada para contar.”

Isso é particularmente verdade no mercado de alto risco, onde houve uma queda de quase 75% no número de emissões bem-sucedidas este ano na Europa.

“Os dias de comprar todas as ofertas primárias que chegam ao mercado acabaram”, disse Vincent Benguigui, gestor sênior de crédito da Federated Hermes em Londres. “Estamos protegendo nosso portfólio, revisando nossas carteiras de crédito, verificando se nosso portfólio é capaz de suportar as taxas.”

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