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Carência, demanda e mercado secundário: As mudanças do CMN para renda fixa nos CRA’s, LCA’s e Fiagros

24 fev 2024, 10:00 - atualizado em 23 fev 2024, 14:18
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Nessas primeiras semanas da mudança do CMN, houve um aumento da demanda no mercado secundário por títulos como os Fiagros (Imagem: REUTERS/Lucy Nicholson)

No começo de fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou mudanças nas emissões de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), assim como para os ativos ligados ao agro, como é o caso das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

A ideia do governo é aumentar a eficiência das políticas públicas de apoio aos setores do agronegócio e imobiliário, além de garantir que esses instrumentos sejam usados em operações compatíveis com suas finalidades originais.

De acordo com Tarik Thome, sócio e analista de Renda Fixa da Arton Advisors, essa é uma resolução que impactou muito as emissões dos títulos, com os “veículos”, os Fiagros (Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), que acessam os títulos.

“Atualmente, os Fiagros cresceram muito, com quase R$ 12 bilhões de custódia e quase 500 mil CPF’s, uma vez que do ano passado para cá esse número quase dobrou, saindo de 188 mil para 494 mil CPF’s. Esses Fiagros, majoritariamente, acabam investindo em CRA’s que já tem uma relação direta com o setor agrícola, apostando em crédito de revenda, crédito para produtor rural e crédito por vezes para empresas ligadas ao setor, como usinas sucroalcooleiras ou produtoras de grãos”, explica.

Lastros ligados ao agronegócio

Dessa maneira, Thome ressalta que as mudanças agora são para os lastros. “Tínhamos emissões de CRA’s que não necessariamente a empresa estava ligada 100% ao agronegócio. O que mudou é que muitas emissões que já estavam protocolada antes da mudança da resolução do CMN estão aumentando. Cito o exemplo do CRA de Zamp, master franquiada do Burger King e Popeyes, que aumentou o volume de oferta e a JSL que também elevou a oferta”, analisa.

Isso, segundo o analista da Arton, acontece já que o primeiro reflexo que teve após essa mudança foi de uma demanda grande pelo mercado.

“O spread de crédito dos ativos, que impacta diretamente nos preços, foram ‘amassando’ cada vez mais no mercado logo depois dessa mudança, já que surgiu uma incerteza sobre como seriam essas novas emissões, o que fez a demanda subir e acabou refletindo no segmento de debêntures incentivadas também, porque a demanda cresceu muito para ativos incentivados, dado que poderia ter de certa forma uma redução dessas emissões por conta da mudança das regras do lastro, o que resultou por uma corrida pelos ativos no mercado secundário. Com isso, nas três primeiras semanas, ficou incerto o que seriam os preços justos”, discorre.

Ainda assim, Thome ressalta que a maioria dos Fiagros estão lastreados a CRA’s ligados diretamente ao agro.

Reflexos da mudança do CMN após quase 1 mês

O sócio e analista da Arton Advisors ressalta que, quase um mês após as mudanças da CMN, houve um forte aumento da demanda no mercado secundário por CRA’s e debêntures. 

“Com o aumento da demanda, teoricamente, você tem uma redução das taxas e as instituições emissoras ainda estão de certa forma tentando entender como administrar tudo isso, mas houve um impacto no pipeline de oferta, com algumas ofertas retirando sua emissão, sendo esse o ponto negativo. Fora isso, há incerteza se os CRA’s como o de instituições financeiras, por exemplo, ainda vão existir, mas isso ainda está sendo entendido”, pontua.

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Em suma, Thome destaca que alguns CRA’s podem não existir mais com a nova mudança, com a empresa tendo que recorrer a outra modalidade de emissão, como um crédito direto ou uma debênture institucional. “Isso resulta em uma queda da atratividade já que a pessoa física busca muito esses ativos incentivados, podendo ocorrer uma migração de demanda para empresas que ainda conseguem emitir o CRI, CRA e a debênture incentivada”, completa

Para a LCI e a LCA, a principal alteração fica por conta da carência. “Anteriormente, você tinha 90 dias e agora a carência mínima é de 1 ano, tirando um pouco a percepção do cliente em relação a liquidez. O que deu para perceber é que foi uma mudança para carimbar que os CRA’s estão realmente ligados ao agronegócio”, diz.

Principais mudanças para LCA, CRA e Fiagros

  • LCA: aumento da carência, passando de 90 dias para 1 ano.
  • CRA: aumento da demanda no mercado secundário, por conta da mudança no lastro.
  • Fiagros: fundos devem ser estritamente ligadas ao setor do agronegócio.

 

 

 

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
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