Cargill, BTG e consórcio Dreyfus-Amaggi arrematam áreas portuárias em Paranaguá

A Cargill, o BTG Pactual Commodities e um consórcio formado por Louis Dreyfus Company e Amaggi arremataram direitos de arrendamento de terminais portuários para escoamento de produtos agrícolas em Paranaguá, nesta quarta-feira, em leilão na B3 que envolveu lances de R$855 milhões em outorgas para as três áreas do porto do Paraná.
Em disputa acirrada no viva voz pela área PAR15, a Cargill bateu a Arco Norte Infraestrutura e Logística com oferta de outorga de R$411 milhões, o maior lance do certame que teve um recorde de participantes para o setor portuário, disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
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Com investimentos previstos em R$2,4 bilhões, segundo dados do governo brasileiro, o leilão mostrou como as tradings e operadores portuários estão se posicionando para exportar a crescente produção de soja, milho e outras mercadorias agropecuárias do Brasil.
As melhorias dos ativos previstas nos novos contratos de arrendamento com prazo de 35 anos deverão permitir incremento de 4,8 milhões de toneladas na movimentação de graneis sólidos vegetais em Paranaguá, aumento de 47%, de acordo com a assessoria de imprensa do porto.
O resultado do certame garantiu à Cargill a continuidade da operação no terminal portuário, que possui uma área de 43.279 m² e tem capacidade de armazenagem de 115 mil toneladas, distribuídas em quatro silos horizontais. O ativo será ampliado, conforme o contrato disputado no leilão.
Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil e do Negócio Agrícola na América Latina, que havia dito à Reuters que a empresa seria competitiva no leilão, celebrou o vitória lembrando que Paranaguá tem uma localização estratégica para o escoamento dos grãos e farelo brasileiros para diferentes mercados.
“Ficamos muito satisfeitos ao vencer o leilão e ter a garantia de que nos próximos 35 anos seguiremos com capacidade sob nossa gestão para atender os nossos clientes nas duas pontas da cadeia agrícola: os produtores rurais, que precisam levar seus produtos aos mercados consumidores, e os clientes de destino, que precisam dos alimentos produzidos no Brasil”, disse Sousa, em nota.
Segundo dados do Ministério dos Portos e Aeroportos, o PAR15 deverá atrair R$656,86 milhões, sendo R$311 milhões do setor público.
Sousa comentou que a Cargill comemora ainda 60 anos de atuação no Brasil em 2025 com uma longa relação com o Paraná, que abriga o porto, um dos mais importantes da América Latina para o agronegócio.
“Nossa primeira fábrica no país, em Ponta Grossa, opera há 52 anos e estamos no Porto de Paranaguá há 35 anos”, destacou.
Movimentando grãos e farelo de soja, provenientes do transporte rodoviário e ferroviário, a Cargill fará investimentos para melhoria do sistema de recepção rodoviária para atender pelo menos 2,2 milhões de toneladas por ano, incluindo a instalação de quatro novas balanças e dois novos caminhões basculantes até o quinto ano do contrato.
A empresa também será responsável pela implantação dos novos berços de atracação no “Píer T” e das estruturas para sua operação.
Dreyfus e Amaggi
O consórcio ALDC, formado por Louis Dreyfus Company e Amaggi, arrematou a área portuária PAR25, com oferta de outorga de R$219 milhões.
Em nota, a Amaggi e a Dreyfus afirmaram que o “feito está em linha com a estratégia de desenvolvimento das duas empresas e pautado pelo compromisso de investir no escoamento de grãos pelo corredor de exportação de Paranaguá”.
O projeto no PAR25, onde a Dreyfus opera de forma independente desde 1994, prevê aportes de R$565 milhões, segundo dados do governo, “fortalecendo a competitividade do Porto de Paranaguá no cenário internacional”.
Do total de aportes no PAR25, mais de R$300 milhões serão de investimentos públicos.
Já o BTG Pactual Commodities arrematou o direito de arrendamento de área portuária PAR14 em Paranaguá, com oferta de outorga de R$225 milhões.
O terminal PAR14, com área de 82.436 m², terá concessão por 35 anos e exigirá investimentos mínimos de R$1,187 bilhão, informou o governo, dizendo que R$477 milhões virão do setor público.
Entre as melhorias previstas pelo arrematante do PAR14 estão a construção dos novos berços do “Píer T”, com sistemas modernos de despoeiramento, torres de transferência e balanças de fluxo.
A conexão com o sistema Moegão será obrigatória na fase inicial, com a instalação de duas linhas transportadoras capazes de movimentar até 2.000 toneladas por hora, de acordo com o ministério.
O governo afirmou ainda que as novas infraestruturas no “nova fase” do Moegão prometem elevar a participação do transporte ferroviário dos atuais 15% para 50%, no recebimento de cargas no porto, agilizando a descarga de grãos.
O BTG disputou a área para escoamento de granéis sólidos agrícolas em viva voz com o ICTSI Américas B.V, operadora global de terminais.
A ICTSI havia perdido mais cedo a disputa por outra área em Paranaguá para o consórcio ALDC.
Mais cedo, uma área portuária no Rio de Janeiro também foi leiloada. O terminal RDJ11 foi arrematado pelo Consórcio Porto do Rio de Janeiro, com valor de outorga de R$2,1 milhões e previsão de investimentos diretos da ordem de R$6,8 milhões. O contrato terá duração de 10 anos.
Esse terminal é destinado à movimentação e armazenagem de granéis sólidos e carga geral.