Carne: Frigoríficos brasileiros apostam em nova rota para driblar crise nos EUA

Os frigoríficos brasileiros estão negociando com importadores do Vietnã para acelerar a habilitação sanitária de até 86 plantas de carne bovina e ampliar as vendas para o país asiático, conforme informações publicadas pela Folha de S.Paulo.
Na semana passada, uma comitiva composta por representantes de 17 empresas, entre elas JBS, Marfrig, Minerva e Masterboi, esteve em Hanói para reuniões diretas com mais de dez compradores locais. A abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira aconteceu em março, após articulações do governo.
Até o momento, apenas duas unidades da JBS — em Mozarlândia e Goiânia, ambas em Goiás — foram aprovadas para exportação.
Além da habilitação, as empresas sugeriram iniciar discussões para um Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e Vietnã, com o objetivo de reduzir tarifas e equilibrar a concorrência com países como Austrália, Nova Zelândia, União Europeia, Rússia e Canadá, que já contam com condições mais favoráveis.
Estimativas indicam que o Vietnã tem potencial para importar até 100 mil toneladas de carne por ano, o que o colocaria entre os cinco maiores destinos da proteína brasileira — embora, atualmente, o volume importado ainda seja baixo.
Essa movimentação empresarial acompanha um esforço político e diplomático para fortalecer a presença do Brasil no mercado global de carne bovina, especialmente diante da retração das vendas para os Estados Unidos, segundo maior comprador do país.
O objetivo é conquistar parte do espaço hoje dominado pelos norte-americanos, que na semana passada passaram a taxar produtos brasileiros em 50%, incluindo as carnes.
Ainda conforme o jornal, a aproximação com o Vietnã integra uma estratégia mais ampla, que também envolve a China. Brasil e o país asiático negociam um protocolo para certificação e rastreabilidade de produtos agropecuários, incluindo selos de sustentabilidade como Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC), desenvolvidos pela Embrapa.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) mostram que, até 28 de julho, as exportações brasileiras de carne bovina atingiram volume histórico no mercado global, apesar da queda nas vendas para os EUA. O México despontou como novo destino relevante, superando os norte-americanos e assumindo o segundo lugar no ranking de importadores, atrás apenas da China.