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Carrefour pagou caro pelas lojas do Makro. E agora?

17 fev 2020, 17:09 - atualizado em 17 fev 2020, 18:56
Carrefour
Mau negócio? Por enquanto, os analistas não se entusiasmaram com novo negócio do Carrefour (Imagem: Money Times)

Enquanto os investidores brindam a aquisição de 30 lojas do Makro pelo Carrefour (CRFB3) com uma expressiva alta das ações neste pregão, os analistas fizeram suas contas e não se entusiasmaram. Na verdade, há quem desconfie que o negócio saiu caro para o Carrefour, a ponto de comprometer a rentabilidade no curto prazo.

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Essa é a postura, por exemplo, do Credit Suisse, em relatório assinado por Victor Saragiotto e Pedro Pinto. Os analistas admitem que a aquisição é um atalho inteligente para o crescimento da rede francesa no país, mas advertem que o preço pode ter sido alto.

O R$ 1,95 bilhão a serem pagos correspondem, segundo as contas do Credit Suisse, a R$ 65 milhões por estabelecimento adquirido. A cifra é bem mais do que o Carrefour gasta para abrir uma unidade nova – de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões.

Opção mais barata

O UBS, por sua vez, pondera que o custo por loja é até compreensível, dada “a importância estratégica do acordo, que inclui um banco de terrenos e a construção de 22 lojas.” Mas, assim como seus colegas do Credit Suisse, os analistas do UBS frisam a transação foi cara, quando se considera outro indicador.

Trata-se do VE/Vendas (Valor da Empresa/Vendas), calculado em 0,76 vez pelo UBS (ou 0,48 vez, se considerada a captura de sinergias) e 0,7 vez pelo Credit Suisse. Na prática, ele indica quanto tempo o Carrefour demorará para pagar o acordo, apenas com as vendas geradas. No caso, 0,76 ano ou 0,7 ano, conforme quem calcula.

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Reestruturação: Credit Suisse suspeita de que lojas do Makro operam com ebitda negativo (Imagem: Facebook/Makro)

“Não são múltiplos baratos, quando comparados com a opção de crescimento orgânico a 0,25 vez, ou para o Atacadão [marca de atacarejo do Carrefour] mais o varejo de 0,63x o VE/Vendas”, explica o UBS.

O Credit Suisse lembra de outro motivo para não se empolgar. As unidades compradas são “um ativo em processo de reestruturação, o que naturalmente embute riscos de execução e poderia deteriorar os níveis de rentabilidade atuais por um momento”, segundo o Credit Suisse.

Furo no caixa?

Pior: o banco suspeita que a geração de caixa, medida pelo ebitda, das lojas adquiridas é negativa. A suposição do Credit baseia-se em duas informações: a) o Makro passa por uma reestruturação, e b) o Carrefour adquiriu as lojas com pior desempenho.

Assim, tanto o UBS, quanto o Credit Suisse, mantiveram sua recomendação neutra para os papéis do Carrefour. Isso significa que, para as instituições, a compra das lojas do Makro não será capaz de adicionar valor suficiente para que as ações subam acima da média do mercado.

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Para o UBS, o preço-alvo do Carrefour é de R$ 24. Já para o Credit Suisse, R$ 22,50 é o justo. Por volta das 17h, a empresa subia 3,51% no pregão da B3, negociada a R$ 22,41 por papel. No mesmo instante, o Ibovespa avançava 0,98%, para 115.497 pontos.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.