Internacional

Casa Branca congela fundos para estados democratas como punição durante paralisação

02 out 2025, 5:28 - atualizado em 02 out 2025, 5:52
donald-trump-tarifas-eua-brasil
Trump não tem apoio para fim de paralização e corta verba para estados Democratas (Reuters/Evelyn Hockstein)

A administração do presidente Donald Trump congelou US$ 26 bilhões destinados a estados com inclinação democrata nesta quarta-feira (1), cumprindo uma ameaça de usar a paralisação do governo para atingir prioridades dos democratas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os programas alvo incluíram US$ 18 bilhões para projetos de transportes em Nova York, lar dos dois principais democratas no Congresso, e US$ 8 bilhões para projetos de energia verde em 16 estados governados por democratas, incluindo Califórnia e Illinois.

O vice-presidente JD Vance advertiu que a administração pode ampliar sua purga de funcionários federais se a paralisação durar mais do que alguns dias.

Essas ações deixaram claro que Trump pretende aproveitar a paralisação para punir seus adversários políticos e estender seu controle sobre o orçamento federal de US$ 7 trilhões, cuja alocação é, segundo a Constituição, domínio do Congresso.

“Bilhões de dólares podem ser economizados”, escreveu Trump em sua rede social na noite de quarta-feira.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A paralisação — a 15ª desde 1981 — suspendeu atividades como pesquisa científica, fiscalização financeira, limpeza ambiental e uma ampla gama de outras operações. Cerca de 750 mil funcionários federais foram orientados a não trabalhar, enquanto outros, como tropas e agentes da Patrulha de Fronteira, passaram a trabalhar sem remuneração. O Departamento de Assuntos de Veteranos informou que continuaria fornecendo sepultamentos em cemitérios nacionais, mas não ergueria lápides nem apararia a grama.

Vance disse em coletiva na Casa Branca que a administração será forçada a recorrer a demissões permanentes se a paralisação persistir por mais dias, além das 300 mil previstas para serem dispensadas até dezembro. Paralisações anteriores não resultaram em demissões definitivas.

O Escritório de Patentes e Marcas dos EUA (USPTO) afirmou que demitiria 1% de seus 14 mil funcionários, segundo carta interna obtida pela Reuters.

Chantagem

Hakeem Jeffries, líder democrata na Câmara, disse que o congelamento de fundos para projetos de metrô e porto em Nova York, seu estado, jogaria milhares fora do emprego.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, também de Nova York, acusou Trump de usar o povo americano como peão, ameaçando dor no país como forma de chantagem partidária.

O senador republicano Thom Tillis expressou preocupação de que o congelamento de verbas de infraestrutura para Nova York torne mais difícil o Congresso sair da paralisação.

“Eles precisam tomar muito cuidado com isso, porque podem criar um ambiente tóxico aqui”, disse Tillis. “Então espero que estejam trabalhando com o líder, e o líder com eles, para não criar mais obstáculos para sairmos dessa situação.”

O líder republicano do Senado, John Thune, descartou que o congelamento de gastos equivalha a tomada de reféns. “Bem, votem para reabrir o governo, e esse problema some, certo? É bem simples”, disse ele em uma entrevista coletiva.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Jeffries afirmou que não teve contato com a Casa Branca desde uma reunião com Trump no início da semana.

“Não ouvimos nada da Casa Branca desde a reunião de segunda-feira”, disse ele em entrevista à CNN. “Claramente, eles queriam parar o governo.”

Sem consenso

Enquanto isso, o Senado rejeitou novamente propostas para manter o funcionamento do governo: uma proposta republicana que financiava o governo até 21 de novembro e um voto democrata que vinculava financiamento a benefícios de saúde, ambos fracassaram.

Os republicanos de Trump controlam o Senado (53 a 47), mas precisam do apoio de pelo menos sete democratas para atingir o limiar de 60 votos exigido para aprovar projetos orçamentários.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A disputa gira em torno de US$ 1,7 trilhão para operações das agências, cerca de um quarto dos gastos anuais. A maior parte do restante vai para programas de saúde, aposentadorias e pagamento de juros da dívida pública, que já ultrapassa US$ 37,5 trilhões.

Um grupo bipartidário de senadores reuniu-se no plenário durante a votação, buscando um caminho adiante.

“Quero ver que um acordo seja um acordo, e gostaria de ver os republicanos se comprometerem a trabalhar conosco na saúde”, disse o senador Tim Kaine, democrata da Virgínia. “Mas nunca disse que tudo precisa estar absolutamente definido — isso pode ser complicado.”

Os democratas também buscam garantias de que Trump não poderá ignorar as leis de gastos que assinar, como já fez repetidamente desde que voltou à presidência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ambos os lados culpam o outro pelo impasse, em busca de vantagem para as eleições de meio de mandato de 2026, que definirão o controle do Congresso nos últimos dois anos do mandato de Trump.

Os democratas alegam que os republicanos são responsáveis pela interrupção, já que controlam o poder em Washington. Os republicanos dizem que os democratas cedem à pressão partidária para se opor a Trump, ainda que já tenham apoiado projetos de gastos no passado. Eles também repetem uma afirmação falsa de que a proposta democrata estenderia a cobertura de saúde para pessoas em situação ilegal.

Segundo o Congressional Budget Office, a proposta democrata somente restauraria cobertura para certas categorias de imigrantes legais, como requerentes de asilo e pessoas com vistos de trabalho.

Várias agências federais publicaram avisos em seus sites culpando a “esquerda radical” pela paralisação, o que pode violar a Lei Hatch, que visa proteger serviços governamentais essenciais de envolvimento partidário.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A paralisação mais longa da história dos EUA, que durou 35 dias em 2018–2019 durante o primeiro mandato de Trump, foi encerrada em parte após atrasos em voos provocados por controladores de tráfego aéreo que faltaram ao trabalho.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar