Casa Branca critica Powell sobre finanças do Fed e custos excedentes de projeto

A Casa Branca lançou nesta quinta-feira (10) um novo ataque contra o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, com uma autoridade de alto escalão do governo Trump dizendo que Powell havia “administrado muito mal” o banco central, criticando-o por um déficit e por grandes custos excedentes em reformas de edifício.
O diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, Russel Vought, em uma carta endereçada a Powell e publicada na plataforma X, disse: “Em vez de tentar endireitar o navio fiscal do Fed, você seguiu em frente com uma reforma ostensiva de sua sede em Washington”.
A referência da carta aos custos excedentes nas reformas do prédio marcou uma nova linha de ataque do governo contra Powell, que tem sido criticado repetidamente pelo presidente Donald Trump e seus assessores sobre a decisão manter a taxa de juros inalterada desde que Trump retornou ao cargo em janeiro.
“Enquanto continua tendo um déficit desde o ano fiscal de 23 (a primeira vez na história do Fed), o Fed está muito estourado no orçamento para a renovação de sua sede. Agora, o valor chega a US$ 2,5 bilhões, cerca de US$ 700 milhões acima do custo inicial”, escreveu Vought em um post no X que acompanha a carta.
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“Essas reformas incluem terraços com jardins na cobertura, fontes de água, elevadores VIP e mármore de primeira qualidade. O custo por metro quadrado é de US$ 1.923, o dobro do custo de reforma de um prédio federal histórico comum. O Palácio de Versalhes teria custado US$ 3 bilhões em dólares de hoje!”.
A diretoria do Fed em Washington, presidida por Powell, não quis comentar.
Em comentários à CNN, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que o projeto não é uma reforma “luxuosa”, mas envolve uma reabilitação necessária.
“O prédio do Fed não é um prédio de luxo. É um prédio muito antigo”, disse Goolsbee. “Ele precisava ser reformado.”
A lei exige que o Fed devolva ao Departamento do Tesouro todos os seus ganhos excedentes, mas há cerca de três anos ele vem apresentando um déficit operacional.
Os juros altos impostos para combater a inflação fizeram com que seus gastos com os bancos comerciais pelas reservas que eles depositam no Fed excedessem os juros obtidos com sua carteira de títulos, que é grande, mas está diminuindo, e outras taxas cobradas pela prestação de serviços ao setor financeiro.
Na quarta-feira, esse déficit havia atingido mais de US$ 235 bilhões, segundo dados do Fed.
Enquanto isso, o Fed vem reformando dois prédios adjacentes à sua atual sede em Washington. Powell foi pressionado por parlamentares dos EUA sobre os custos excessivos durante seu depoimento no mês passado aos comitês do Congresso encarregados da supervisão do Fed.
Powell rejeitou os relatos de que o projeto incluía recursos luxuosos, mas admitiu que havia ultrapassado o orçamento, dizendo: “os custos excedentes são o que são”.
Vought disse que o depoimento de Powell “levanta sérias questões sobre a conformidade do projeto com a Lei de Planejamento de Capital Nacional”. Ele deu a Powell uma lista de 11 perguntas sobre o projeto e suas alterações. Ele solicitou respostas dentro de sete dias úteis.
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A Seção 10 da Lei do Federal Reserve parece dar ao Fed ampla autonomia com relação a seus prédios e instalações, portanto a autoridade da Casa Branca para intervir não ficou clara.
A lei estabelece que a diretoria do Fed pode “fazer com que seja construído, em qualquer local adquirido por ela, um prédio ou prédios adequados e apropriados, a seu critério, para seus propósitos, e tomar todas as medidas que julgar necessárias ou apropriadas em relação à construção, ao equipamento e ao fornecimento de tal prédio ou prédios.
O Fed cortou os juros pela última vez em dezembro e, desde então, os deixou na faixa de 4,25% a 4,50%, já que as autoridades esperam para ver se a inflação se fortalece na esteira da onda global de tarifas de Trump.
Em geral, espera-se que o Fed retome os cortes de juros em setembro, mas Trump disse que a taxa de juros deve ser reduzida drasticamente agora.
Trump, que tem considerado a possibilidade de demitir Powell, disse na terça-feira que o chefe do Fed deveria renunciar se seu depoimento ao Congresso sobre o projeto fosse enganoso.
O mandato atual de Powell como chair vai até 15 de maio de 2026.
A Lei do Federal Reserve estipula que o chair do Fed ou os membros da diretoria podem ser destituídos apenas por justa causa, e não por discordância de políticas. A carta de Vought levanta a questão sobre se o governo está tentando criar um caso para remover Powell por justa causa, neste caso, má administração fiscal.
Um parecer recente da Suprema Corte em um caso envolvendo a demissão de democratas de dois conselhos trabalhistas independentes por Trump, no entanto, parece conferir proteção às principais autoridades do Fed contra a remoção por um presidente.