Casas Bahia (BHIA3): Ações derretem 7% após Mapa Capital ganhar controle; qual o impacto para o acionista?

A Mapa Capital abocanhou a maior participação na Casas Bahia (BHIA3), em um processo de conversão de debêntures em ações da varejista. Uma forte queda do preço do papel está no radar de analistas da XP Investimentos.
Para recapitular: a Casas Bahia converteu o montante total de R$ 1,5 bilhão de debêntures, de modo que 558.791.401 novas ações foram emitidas a um preço médio de R$ 2,95 por ação, levando a Mapa, por meio de uma subsidiária, a deter uma participação de 85,5% na companhia.
- Veja mais detalhes da operação aqui: Mapa Capital assume controle com participação de 85,5%; entenda
Na quinta-feira (7), as ações BHIA3 encerraram o dia com uma queda de 7,59%, a R$ 2,80.
Vale lembrar que debêntures são títulos de dívidas que podem ser emitidos pelas empresas — ao convertê-las em ações, a dívida da empresa é transformada em capital próprio, reduzindo o endividamento.
A equipe de analistas da XP, liderada por Danniela Eiger, pondera que, do lado operacional, o movimento deve contribuir para um alívio no endividamento da companhia.
Nas contas da casa, a conversão deve reduzir a alavancagem da companhia em 0,7 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2,2 vezes dívida líquida sobre o Ebitda, o que implica em uma economia em torno de R$ 230 milhões em despesas financeiras, ante um resultado financeiro negativo de R$ 920 milhões no primeiro trimestre deste ano.
“Como referência, lembramos que Casas Bahia reportou uma dívida bruta de R$ 4,4 bilhões no primeiro trimestre de 2025, com dívida líquida de R$ 3,2 bilhões e um Ebitda (últimos 12 meses) de R$ 2,15 bilhões”, colocam os analistas.
O impacto para o acionista da Casas Bahia
A equipe de analistas da XP apontam que, com o movimento de conversão, os acionistas minoritários passarão por uma forte diluição na base acionária, passando a deter apenas 14,5% da companhia, ante 100% anteriormente.
“Apesar da conversão levar a uma redução na despesa financeira e, consequente, melhorar o fluxo de caixa da companhia, isso pode não ser totalmente refletido nos preços atuais. Dessa forma, vimos a queda no papel como um movimento de ajuste à sua nova participação”, ponderam.
Ao Money Times, em meados de junho, o diretor de relações com investidores (RI) da companhia, Gabriel Succar, classificou o movimento como muito positivo, mesmo entendendo que gera uma diluição relevante para os acionistas.
Mesmo reconhecendo a diluição da base de acionistas, Succar argumentou que esse era um caminho que já estava na mesa, o que ocorreu foi apenas uma antecipação — essa conversão era esperada para outubro deste ano.
“Os acionistas já tinham ciência dessa potencial diluição. A questão foi o timing, mas foi no mesmo ano que já haveria potencial diluição, que seria outubro. Nesse sentido, acredito que os acionistas já tinham isso em mente”, coloca.