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Casas Bahia (BHIA3) na reta final do ano: Últimos meses de 2023 podem aliviar ações, que tombam mais de 70%?

22 nov 2023, 19:51 - atualizado em 22 nov 2023, 19:51
Casas Bahia enfrenta ano ruim para ações do varejo (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

A Casas Bahia (BHIA3) percorre um caminho tortuoso na Bolsa. Negociada a centavos, as ações seguem voláteis, com fortes variações (tanto para cima quanto para baixo) em meio a divulgações corporativas e expectativas do mercado em relação aos movimentos dos ciclos de juros nos mercados globais.

Desde a divulgação de um prejuízo quase bilionário no terceiro trimestre do ano, os papéis da varejista brasileira de e-commerce tentam se segurar com o apoio da queda recente nas taxas futuras de juros após dados mais fracos nos Estados Unidos que ajudaram a diminuir a pressão dos Treasuries.

Mesmo assim, a Casas Bahia acumula um tombo de aproximadamente 73% no ano, com o mercado avaliando um cenário macroeconômico desafiador. Além disso, mudanças estruturais na companhia, com um plano transformacional que ainda levanta dúvidas entre agentes financeiros, têm impedido uma recuperação mais forte das ações.

Para os mais otimistas, que estão à espera de sinais de melhora no curto prazo, há pouco para comemorar. A própria companhia, por meio de falas do CEO Renato Franklin em teleconferência de resultados, já adiantou que a demanda deve seguir pressionada.

Ao Money Times, o vice-presidente administrativo e diretor de relações com investidores, Sérgio Leme, reforçou que o quarto trimestre deve ser “mais redondo” após a decisão da Casas Bahia de realizar no terceiro trimestre o escoamento dos estoques de baixo giro mais cedo e com descontos maiores, machucando as margens do período. Por outro lado, os desafios enfrentados pelo setor de consumo persistem.

“A gente continua vendo um mercado muito deprimido em termos de bens duráveis e tudo que seja associado ao crédito, ao consumidor e a produtos de ticket mais caro, que é nosso core. O consumidor ainda está retraído. A demanda está muito fraca”, disse o executivo.

Ainda sobre o quarto trimestre, embora a perspectiva seja de números sequenciais menos pressionados devido à sazonalidade das festas de fim de ano, a ponta na venda deve se mostrar ainda desafiadora. A Casas Bahia acredita que a Black Friday, evento importante para impulsionar as vendas no varejo, deve ser mais “pé no chão” neste ano.

Leme afirmou que a empresa está preparada para receber a data com bons descontos e fechou bons acordos com fornecedores, mas a prioridade no momento é a rentabilidade.

“Ninguém está em condições de pagar muito caro para fazer venda ou atrair cliente.”

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Trabalhando para limpar a casa

De acordo com Leme, o plano transformacional anda a todo vapor, com alguns aspectos internos caminhando mais rápido que o previsto.

Em agosto, a Casas Bahia anunciou um plano de reestruturação que incluía propostas consideradas estratégicas para a estabilização das operações, geração de caixa e melhora da rentabilidade.

O plano ambicioso da Casas Bahia passa por revisão de quadro de lojas (redução potencial de 50 a 100 unidades em 2023), renegociação de aluguel, readequação de centros de distribuição, queima de estoque, readequação de despesas de pessoal) e, ainda, pela estruturação, ainda em fase pré-operacional, de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) para facilitar a operação de crediário da companhia.

Como esforços do plano de reestruturação, a Casas Bahia teve no terceiro trimestre uma redução de R$ 1,5 bilhão de estoque comparado com o terceiro trimestre de 2022. Em relação ao segundo trimestre de 2023, a queda foi de R$ 780 milhões.

Em paralelo, foram fechadas 38 lojas, enquanto três centros de distribuição foram readequados.

De acordo com Leme, a Casas Bahia ainda tem entre 20% e 25% da redução de estoques ao longo do quarto trimestre – portanto, na próxima safra de balanços, isso ainda deve apontar impacto na margem.

O fechamento de lojas também está em andamento no quarto trimestre, com o plano de enxugamento dos times de funcionários em curso.

No entanto, Leme fez questão de reforçar que o terceiro trimestre carregou o maior peso da reestruturação, e a expectativa de que o programa esteja “bem terminado” e haja uma virada de caixa (gerar fluxo suficiente nas operações para honrar com os compromissos financeiros) no fim de 2024 permanece.

“É com isso que o mercado está preocupado, e a gente entende também que é o principal indicador de sucesso do nosso programa”, afirmou. A Casas Bahia obteve em torno de R$ 500 milhões em novas linhas de financiamento de três bancos diferentes e tem mantido boas relações com os fornecedores.

Investir na ação agora é oportunidade?

Após a decepção dos resultados do terceiro trimestre, analistas da Genial Investimentos avaliaram que o quarto trimestre será crucial para definir uma possível mudança de recomendação às ações. Atualmente, a corretora tem recomendação neutra e um preço-alvo de R$ 0,60.

Para o BB Investimentos, o peso do plano de reestruturação nos números da temporada mais recente, somado com os impactos de um ambiente macroeconômico mais restritivo, mostra que as sequelas serão “muito mais intensas do que estimado”.

“A apresentação de resultados piores do que os esperados no terceiro trimestre de 2023 adiciona mais um ponto de alerta quanto à velocidade e intensidade da recuperação da companhia após finalizado o processo de transformação (estimado para o fim de 2024), bem como o custo que esse processo ainda vai incutir no desempenho da Casas Bahia nos próximos trimestres”, disse a instituição.

O BB recomenda vender as ações, “independentemente do atual potencial de valorização para o nosso preço-alvo”.

Ao falar das ações, Leme sinalizou que o investidor da Casas Bahia precisa ter um perfil mais de longo prazo.

“Tem que ser um investidor que está disposto a percorrer alguns vários trimestres; esse não é o papel para o consumidor ficar operando mês a mês”, afirmou.

“É um papel que, dado onde está, considerando a marca, a fortaleza, a execução, o destino nas categorias, o nosso crediário e onde pode chegar, para quem tem uma visão de mais longo prazo e está disposto a fazer essa jornada com a gente, assim como nossos parceiros comerciais e financeiros, existe um potencial muito grande”, completou o executivo.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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