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Casas Bahia (BHIA3): Prejuízo sobe para R$ 408 milhões no 1T25 e Selic é a explicação, segundo diretor de RI

15 maio 2025, 3:05 - atualizado em 15 maio 2025, 3:20
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A Casas Bahia divulgou seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2025 (Imagem: Divulgação/Casas Bahia)

A Casas Bahia (BHIA3) reportou um prejuízo líquido de R$ 408 milhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25), acima do prejuízo de R$ 261 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.

A cifra veio pior do que o esperado pelo consenso. Estimativas reunidas pela Bloomberg apontavam para um prejuízo de R$ 334 milhões no período.

Gabriel Succar, diretor de RI da companhia, aponta que o elevado patamar da taxa básica de juros (Selic) neste ano — após passar por uma expressiva trajetória de alta desde o primeiro trimestre de 2024 — impactou o resultado da Casas Bahia.

“A companhia tem um desempenho muito relevante de melhora de rentabilidade até o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), e depois tem o resultado financeiro quase 100% vinculado à taxa de juros”, disse em entrevista ao Money Times.

Em um cenário como esse, mesmo se a companhia utilizasse o mesmo volume de crédito do ano anterior, teria uma despesa maior, pondera o diretor.

Succar destaca ainda que a companhia conta com funções financeiras que, neste cenário, impactam o resultado, como o crediário, risco sacado, linhas de desconto de recebíveis de cartão, linhas para capital de giro e a própria linha de endividamento.

“A gente vê um aumento nessa linha de resultado financeiro ano contra ano muito por conta da Selic e, consequentemente, uma piora do prejuízo líquido do exercício. Exatamente uma derivada do aumento da Selic”.

No período de janeiro a março deste ano, o Ebitda ajustado da companhia, que mensura o potencial de geração de caixa operacional, avançou 47,3% na comparação anual, totalizando R$ 570 milhões.

margem Ebitda ajustada cresceu 2,1 pontos percentuais em comparação com o primeiro trimestre de 2024, para 8,2% no primeiro trimestre deste ano.

A margem bruta avançou 0,2 ponto percentual, ficando em 30,2% no primeiro trimestre deste ano.

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Outros números do 1T25

O volume bruto de mercadorias (GMV) consolidado do primeiro trimestre de 2025 atingiu R$ 10,7 bilhões, uma alta de 10,2% contra o mesmo período no ano passado.

Em lojas físicas, o crescimento do GMV foi de 16,2% e SSS (vendas de mesma loja) de 17,7% no trimestre.

Já no e-commerce, a Casas Bahia registrou crescimento do GMV de 2,4% ante um ano antes, focado nas categorias-chave pelo segundo trimestre consecutivo.

No 3P (marketplace), o incremento de GMV foi de 14,6% em base anual.

Já a receita líquida cresceu 10,1% em base anual, totalizando R$ 6,9 bilhões no trimestre. A receita bruta também subiu 10,1% ano a ano, somando R$ 8,2 bilhões no 1T25.

O SG&A (despesas operacionais) teve alta de 2,6% no trimestre, ficando negativo em R$ 1,6 bilhão.

Vital Leite, diretor de soluções financeiras da Casas Bahia, destaca que a companhia segue com disciplina de rentabilidade e foco na expansão das margens.

“Após estabilizar as reduções de categoria de receita e chegar na definição de categorias core com bastante foco nas categorias que são rentáveis, agora entramos de fato em um ritmo de crescimento e de crescer com rentabilidade”, disse ao Money Times.

Ele aponta ainda que o banQi, divisão financeira da companhia, viabilizou crescimento de crediário da companhia, com redução de inadimplência.

“Isso ajudou muito a reforçar essa estratégia de onde temos rentabilidade e tem contribuido para melhorar a penetração de serviços, o que faz com que a receita de soluções financeiras, como um todo, cresça na casa de 18%, ajudando a manter esse ritmo de rentabilidade”, pondera Leite.

Selic a 14,75%

Varejo e juros altos são velhos “inimigos”.

Na última semana, o Brasil se viu diante do maior patamar da Selic desde 2006, de 14,75%. No mercado, há expectativa de que o ciclo de altas encerre por aí, mas também há quem não descarte mais uma elevação até 15%.

O diretor de RI da companhia, Gabriel Succar, comenta que um cenário de fim de ciclo e de tendência de melhora do cenário no que diz respeito a juros impacta na perspectiva de como a companhia planeja seu resultado, ações, iniciativas de venda, de compra, entre outros.

“O nível que ela está é alto e vai continuar por um tempo nesse ritmo, já maior do que os outros trimestres do ano passado. O que cabe à companhia é como melhorar o Ebitda e conseguir ser mais rentável, mesmo numa circunstância de alta taxa de juros, para conseguir compensar esse efeito de Selic no resultado”, diz.

Vital Leite, diretor de soluções financeira, acrescenta que a companhia não conta com uma redução para este ano.

“Nosso cenário é sempre pensado com um olhar mais pessimista da taxa de juros, para fazermos a nossa lição de casa de manter a disciplina de crescimento de margem e Ebitda como a gente vem fazendo, com bastante eficiência de custos e de despesas”.

Ele reforça a mensagem de que a Casas Bahia conta com os aspectos que tem sob controle — e juros não é uma delas —, focando na disciplina, incremento de margem, melhora do ecossistema, dos serviços, crediário e melhora da estrutura de capital.

“São os próximos grandes desafios da companhia. Já temos então aprovada na nossa RE [recuperação extrajudicial] uma possibilidade dos bancos fazerem a conversão de parte da dívida que a gente tem em equity da companhia.  Isso também trará um alívio na despesa financeira para a companhia eventualmente”, coloca.

Veja o balanço da Casas Bahia na íntegra

 

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.