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Caso Ultrafarma: Fazenda põe grupo de auditores para revisar processos de ICMS-ST

16 ago 2025, 10:25 - atualizado em 16 ago 2025, 10:13
Ultrafarma
Auditor é suspeito de liderar esquema bilionário de ICMS-ST envolvendo a Ultrafarma e Fast Shop. (Imagem: Divulgação)

A Secretaria de Estado da Fazenda e Planejamento de São Paulo criou na sexta-feira (15) um grupo de trabalho para revisar todos os processos, protocolos e normas relacionados ao ressarcimento do ICMS retido por substituição tributária — núcleo vital do esquema de corrupção atribuído ao auditor fiscal de Rendas Artur Gomes da Silva Neto, preso na terça (12) como principal alvo da Operação Ícaro.

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Sob suspeita de ter amealhado pelo menos R$ 1 bilhão em propinas de gigantes do varejo, como a Ultrafarma e a Fast Shop — cujos dirigentes, Sidney Oliveira e Mário Otávio Gomes, também foram presos —, o fiscal da Receita estadual usava como “laranja” a própria mãe, uma idosa de 73 anos, professora aposentada da rede pública, para ocultar dinheiro de origem ilícita, segundo a investigação.

A meta da varredura é analisar caso a caso para identificar o alcance da teia montada pelo fiscal a fim de supostamente receber mais propinas de outras empresas.

O diretor-geral executivo da Administração Tributária, André Weiss, escalou, via portaria, oito auditores fiscais para a missão. O grupo será coordenado por Roberto Lopes de Carvalho.

Os outros integrantes são Arthur Rafael Gatti Álvares — coordenador substituto —, Sérgio Antonio Ribeiro Vicente, Ygor Shimabukuro, Fábio Loureiro Dickfeldt, Marcelo Luiz Alves Fernandez, José Maurício Bettarello de Lima e Francisco Gabriel Nicolia.

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A equipe terá prazo de seis meses — prorrogável a critério de Weiss — para cumprir a missão “em caráter prioritário”.

A Operação Ícaro é uma força-tarefa da Corregedoria Tributária da Secretaria da Fazenda e do Ministério Público estadual, com seus promotores do Gedec — braço da instituição que apura delitos econômicos.

A investigação aponta que Artur Gomes orientava empresas em pedidos de ressarcimento de créditos de ICMS-ST, compilando documentos para envio à Receita estadual e acelerando procedimentos e autorizações internas.

Em troca de propinas milionárias, essas empresas “furavam” a fila de pedidos em processos administrativos complexos que, em regra, são marcados por uma lentidão comparável ao trâmite dos precatórios judiciais.

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A revisão dos processos com as digitais de Artur poderá indicar a participação de colegas no esquema. Mapear o alcance da trama é o objetivo primordial da Promotoria e da cúpula da Fazenda.

A avaliação poderá revelar mais concessões indevidas de créditos a outras empresas e até culminar na anulação de procedimentos e autorizações de ressarcimento. Como consequência, o Fisco estadual lavrará autos contra contribuintes envolvidos na fraude.

Os resultados da ação do grupo de trabalho devem subsidiar a Corregedoria da Fazenda.

Artur era supervisor de Redes de Estabelecimentos, mas os arquivos que analisava — segundo troca de e-mails identificados pelo Ministério Público — estavam relacionados a pedidos de ressarcimento de substituição tributária. O fiscal não fazia parte da assistência de ressarcimento.

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Os integrantes do núcleo de trabalho são nomes de confiança da direção da Receita estadual e devem apresentar, ao final da apuração, um relatório das concessões de ressarcimento.

“Cérebro”

A quebra do sigilo bancário e fiscal da empresa Smart Tax, registrada em nome da mãe do auditor Artur Gomes da Silva Neto, foi o ponto de partida da Operação Ícaro. A consultoria tributária está registrada em nome de Kimio Mizukami da Silva, de 73 anos, professora aposentada da rede pública. Em 2021, ela declarou R$ 411 mil no Imposto de Renda. O patrimônio saltou para R$ 46 milhões em 2022 e para R$ 2 bilhões em 2024, em decorrência dos rendimentos da “consultoria”.

A empresa está registrada no endereço residencial do fiscal, em Ribeirão Pires, no ABC paulista, e não tem funcionários cadastrados. Kimio não tem qualquer experiência em consultoria tributária. Desde que foi constituída, em 2021, a Smart Tax teve uma única cliente: a Fast Shop.

Os investigadores estão convencidos de que a Smart Tax é apenas uma fachada criada exclusivamente para operacionalizar o repasse de propinas ao auditor fiscal. Artur é apontado como o “cérebro” do suposto esquema de corrupção. Segundo a investigação, ele prestou uma “verdadeira assessoria tributária criminosa” às empresas.

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Foram encontrados centenas de e-mails trocados entre Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, e funcionários da empresa com o auditor. As conversas deixam claro o assessoramento clandestino, segundo o Ministério Público.

De acordo com a investigação, Artur tinha até mesmo o certificado digital da Ultrafarma para protocolar pedidos de ressarcimento em nome da empresa junto à Secretaria da Fazenda.

Outras empresas também podem ter recorrido aos “serviços” do auditor. “O nosso desafio daqui em diante é justamente verificar se há outros auditores envolvidos na prática da corrupção e também se há outras empresas envolvidas nesse estratagema”, afirmou na terça (12) o promotor de Justiça Roberto Bodini, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec).

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