Internacional

Cautela de consumidores chineses dá pistas para mundo pós-Covid

07 jun 2021, 12:58 - atualizado em 07 jun 2021, 12:58
Comércio Consumo China Ásia
Os consumidores na China permanecem cautelosos, mesmo com a pandemia de Covid-19 sob controle durante grande parte dos últimos 12 meses (Imagem: Reuters/Florence Lo)

Os consumidores na China permanecem cautelosos, mesmo com a pandemia de Covid-19 sob controle durante grande parte dos últimos 12 meses.

A tendência oferece pistas para o padrão de gastos global quando a demanda reprimida desacelerar.

Embora a China não tenha enviado cheques de estímulo aos consumidores, o rigoroso controle do coronavírus permitiu que a economia reabrisse rapidamente e impulsionasse o crescimento real da renda familiar para 13,7% no primeiro trimestre do ano.

No entanto, a recuperação dos gastos dos consumidores tem sido mais fraca do que o esperado, e economistas identificam duas razões principais: uma distribuição desigual da poupança durante a pandemia e preocupação persistente com a Covid-19, que gerou hábitos mais conservadores e reduziu gastos com serviços, enfraquecendo a recuperação em forma de V da segunda maior economia do mundo.

Como nos Estados Unidos e Reino Unido, em valor, as vendas no varejo na China estão acima dos níveis pré-pandemia, enquanto mostram recuperação na zona do euro.

Consumidores nas maiores economias acumularam US$ 2,9 trilhões em poupança extra durante os lockdowns relacionados à Covid, de acordo com a Bloomberg Economics, o que ajuda a puxar o crescimento mundial mais rápido em 60 anos em 2021.

A questão é o que acontecerá com os gastos no setor de serviços e até que ponto a recuperação do consumo global será sustentável.

Dados da China sugerem que a recuperação pode ser lenta, apesar dos 20 milhões de doses de vacina aplicadas diariamente e mais de 40% da população com pelo menos uma dose.

Gastos controlados

Li Weiyao, agricultor e proprietário de uma loja de chás em Xishuangbanna, um famoso destino turístico na província de Yunnan, no sul da China, diz que o impacto da pandemia em seu negócio está longe de terminar.

“Há muito menos viajantes agora, e mesmo aqueles que entram na loja estão muito menos dispostos a comprar”, disse Li.

As vendas mensais despencaram para cerca de 2 mil yuans em relação aos 20 mil yuans antes da pandemia, disse.

Essa cautela é refletida em uma série de pesquisas conduzidas pelo Banco Popular da China com 20 mil correntistas em 50 cidades.

A pesquisa no primeiro trimestre deste ano constatou que cerca de 49% dos entrevistados disseram que estavam poupando mais, acima de 46% no quarto trimestre de 2019.

Apenas 22% disseram que estavam gastando mais em relação aos 28% no final de 2019.

Um indicador que a mede a confiança dos entrevistados sobre sua renda futura ficou em 51 no primeiro trimestre, acima da mínima de 45,9 no primeiro trimestre de 2020, mas ainda abaixo dos 53,1 registrados no último trimestre de 2019.

“Agora fico muito mais em casa do que antes da pandemia”, disse Johnny Sun, de 29 anos, que trabalha em uma cafeteria em Nanjing, na província de Jiangsu. “Eu gostava de ir a discotecas, mas agora sinto que não preciso mais disso.” Com a colaboração de Daniela Wei, Jinshan Hong, Tom Hancock e James Mayger.

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