Cautela do Fed deixa mercado em alerta, mas corte de juros nos EUA em dezembro ainda é provável, diz estrategista
A decisão do Federal Reserve (Fed) de cortar os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 3,75% e 4%, já era amplamente esperada pelo mercado — mas o tom cauteloso do presidente Jerome Powell trouxe dúvidas sobre a próxima reunião.
No Giro do Mercado desta quinta-feira (30), a jornalista Paula Comassetto recebeu William Castro, estrategista-chefe da Avenue, que destacou que o mercado e os índices americanos operam de maneira “confusa”, com os investidores digerindo o novo cenário.
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“Teve tanta coisa acontecendo que os índices estão até confusos. O Dow Jones sobe, o Nasdaq cai, o Russell está no zero a zero, mas querendo subir”, comentou Castro, sobre os mercados no início da tarde.
Uma das grandes mudanças segundo o estrategista foi o fim do aperto monetário quantitativo anunciado pelo Fed, com início a partir de 1º de dezembro.
“Significa mais um vetor atuando a favor de uma política monetária menos restritiva, mais flexível. Quando ele fazia o aperto quantitativo, reduzia seu balanço vendendo títulos. Quando para de fazer isso, é um sinal de política monetária menos restritiva, coerente com o corte de juros”, afirmou.
Castro também lembrou que a decisão não foi unânime dentro do comitê do Fed, o que reforça o caráter de prudência do banco central norte-americano. “Eu ainda acho que vão cortar os juros em dezembro, mas ele (Powell) tentou trazer um pouco de ajuste para essa expectativa”, disse.
Para o estrategista, o discurso de Powell não indica uma mudança de rumo significativa, mas sim uma tentativa de recalibrar o otimismo do mercado.
Castro também ponderou que as curvas de juros vinham embutindo cortes mais agressivos, com taxas projetadas abaixo de 3% em 2026, o que considera um pouco exagerado. Ainda assim, acredita que um novo corte em dezembro é o cenário mais provável.
EUA e China
Sobre o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, o especialista considerou que o resultado foi mais um capítulo nas tensas relações entre as duas potências.
Segundo ele, o encontro serviu mais para adiar tensões do que para resolvê-las. “Empurra com a barriga e daqui a um ano começa a ter aquela tensão de novo. A questão das terras raras é o calcanhar de Aquiles dos EUA essa negociação”, disse.
O estrategista destacou ainda que a redução de tarifas foi um gesto simbólico, mas que a questão tecnológica continua em aberto.
“Quem tinha a expectativa de que tudo ia ser resolvido agora, era o mínimo de ingenuidade. Foi positivo, acho que o saldo é positivo, mas não resolve muita coisa”, disse.
Resultados das Big techs
Castro também comentou os resultados das grandes empresas de tecnologia. Segundo ele, Meta e Netflix tiveram os piores desempenhos do trimestre, apesar de números operacionais sólidos.
Ambas foram impactadas por questões tributárias extraordinárias, que reduziram os lucros e pressionaram as ações.
Por outro lado, o grande destaque foi o Google, com resultados impulsionados por inteligência artificial e crescimento em nuvem. Ele ressaltou, porém, que o aumento dos investimentos em tecnologia tem despertado preocupação com custos e margens.
“As empresas têm aumentado seus investimentos e isso gera certa preocupação — é mais gasto, é custo de caixa usado para investimentos em inteligência artificial (IA)”, afirmou.
Sobre a Microsoft e a OpenAI, o estrategista destacou que a empresa fundada por Bill Gates detém 27% da startup e que um IPO pode ocorrer entre 2026 e 2027, com a OpenAI avaliada em até US$ 1 trilhão.
O programa ainda abordou 0 desempenho dos mercados globais e outros destaques corporativos. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
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