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CBC lança munição frangível, que não tem ricochete; veja fotos

30 out 2023, 14:13 - atualizado em 30 out 2023, 20:48
Projéteis Sinterfire
O projéteis são fabricados pela Sinterfire, empresa dos EUA comprada pelo grupo CBC e líder no setor de munições frangíveis (Imagem: Reprodução/CBC)

A CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), uma das maiores fabricantes de munições do mundo, desenvolveu um novo tipo de projétil, que impede ricochete, tornando sua utilização mais segura, com a redução de efeitos colaterais. A empresa denominou o novo produto como projétil ‘frangível‘ (que significa quebradiço).

O produto foi lançado durante o Congresso Internacional de Operações Policiais – COP Internacional 2023. Na última quinta (26), o produto foi apresentado a policiais e convidados da empresa, durante evento realizado na loja conceito da Taurus (TASA4) em São Paulo, a AMTT (Armas, Munições, Tiro e Treinamento). A fabricante gaúcha é controlada pela CBC.

O Money Times acompanhou com exclusividade o lançamento no local e testou o produto, já disponível para aquisição por órgãos de segurança do estado.

A nova munição é destinada ao uso policial. Há também um projeto voltado para o mercado civil em discussão com a IPSC (International Practical Shooting Confederation) para competições de tiro esportivo. “Uma das ideias é que o IPSC homologue isso a um produto mundial”, afirma Paulo Ricardo Gomes, diretor Comercial e de Marketing da CBC.

Alta letalidade com segurança

Fabricado com uma liga de cobre e estanho (no caso do 9mm), o projétil é feito para ser letal, podendo penetrar o corpo humano sem eventualmente sair e ricochetear ao atingir uma superfície dura.

“Ele é projetado para se fragmentar em partes menores que 5% que seu tamanho original”, diz. Segundo ele, com um projétil de 100 grains [unidade de medida usada para projéteis, em que 1 grain equivale a 64 miligramas], cada parte de resíduo terá no máximo 5 grains, depois de atingir uma superfície dura.

A gelatina balística com a munição hollow-point frangível, presente na demonstração da AMTT, evidenciou a fragmentação da munição. “Quando entrar no corpo humano, tem letalidade, pois ela se fragmenta e pode atingir muitos pontos sensíveis”, diz Paulo Ricardo.

Depois de atingir o corpo, a parte inferior do projétil continua sólida [veja na galeria de fotos ao final do texto], se não atingir nenhuma parte dura, “possibilitando analise forense”, ressalta. “O efeito colateral é praticamente nulo com a utilização da munição”, conclui.

Outro atrativo do produto também é o fato de ser isento do chumbo – material cada vez mais restrito nos EUA devido a sua toxicidade, diz Paulo Ricardo. Sobre o preço das munições, o diretor afirma que a companhia buscou um “custo bastante acessível” para o mercado.

‘Usado dentro de aviões’

Ele afirma que a destinação para órgãos públicos visa aumentar a segurança dos disparos. “Os US Marshals [Serviço de Delegados dos Estados Unidos], por exemplo, tem que usar essas munições, pois andam em aviões, sendo a única munição possível para utilização dentro desses veículos”.

No caso de disparo acidental, uma munição normal pode comprometer a fuselagem da aeronave, o que não ocorre com os projéteis frangíveis. “Escolas, hospitais e outros lugares que não podem ter ricochetes também utilizam essa munição”, diz.

O diretor da CBC afirma que a companhia já vende munições frangíveis ‘flatheads’ para treinamento, e que agora a empresa irá trazer os ‘hollow-points’ (usados para defesa) ao mercado.

Fabricado nos EUA pela SinterFire

O lançamento da munição frangível vem na esteira da aquisição da SinterFire pela CBC Global Ammunition, grupo que controla a CBC Brasil.

A empresa norte-americana é especializada na produção de projéteis frangíveis e foi comprada pela holding brasileira em agosto deste ano. A SinterFire fabrica munições desde 1998, fornecendo munições às principais agências de segurança dos EUA, além das forças armadas.

Como é fabricado?

O projétil é feito por um processo de moldagem de pó metálico, chamado de sinterização. Eis o funcionamento:

  • Blend de pó metálico moldado: os metais são compactados no formado desejado do projétil;
  • Projétil recebe tratamento térmico para obter dureza;
  • Projétil passa por inspeção visual (formato e peso) e análise de dureza;
  • Por fim, vem o processo de tamboreamento, para limpeza e a acabamento.

três versões do projétil, com ligas diferentes a depender do calibre em que será utilizado: uma com cobre e estanho; outra só com cobre e a última com hollow-point em cobre e estanho também. Os projéteis 9mm tem peso de 100 grains.

Boa performance em vários materiais; vidro é exceção

Durante apresentação em vídeo da munição, o diretor da CBC falou sobre os materiais que a munição penetra bem: “Tecido leve, tecido grosso, compensado, capas metálicas simulando porta de carro, dry wall“, diz Paulo Ricardo.

No entanto, o diretor afirma que o projétil “não tem uma performance muito boa no vidro“, diz.

Teste em metal a 3 metros de distância

O Money Times testou o produto junto a outros convidados da CBC, no estande da AMTT-SP. A reportagem disparou [veja o gif na galeria de fotos] com uma arma 9mm, com munições flat-point, contra um plate de metal colocado a apenas 3 metros (distância que seria muito insegura para uso de projétil normal, onde a distância mínima recomendada é de 10 metros).

Não houve ricochete. Com a ‘pista fria’ (segura, sem nenhuma arma em mãos, na linguagem dos clubes de tiro), a reportagem pode ver o resto dos projéteis embaixo do plate. Eles literalmente ‘viraram pó’. O CEO da SinterFire, Brandon Graves, que estava no teste, afirma que fez disparos praticamente à queima-roupa com a munição. “It’s safe”, garantiu.

Em seguida, houve um teste de precisão/recuo, com as balas frangíveis intercaladas com a munição Bonded, da CBC.  Veja mais abaixo.

 

repórter
Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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