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Dividendos da Cemig (CMIG4): Quem aproveitou, aproveitou; Itaú faz alerta para pagamentos

17 jul 2025, 16:19 - atualizado em 17 jul 2025, 16:19
Cemig
(Imagem: Guilherme Dardanhan/ALMG)

A Cemig (CMIG4) surpreendeu nos últimos anos como uma das elétricas que mais pagaram dividendos. Porém, havia um detalhe: o pagamento não era recorrente.

Na prática, isso significa que os anos de bonança ficaram para atrás e que a companhia vai desembolsar proventos menores, pelo menos na visão do Itaú BBA.

Em relatório, a corretora até elevou o preço-alvo, de R$ 11,30 para R$ 11,40, mas manteve a recomendação de neutralidade.

Os analistas esperam que a companhia consuma caixa nos próximos anos e tenha menos capacidade de manter o mesmo ritmo de dividendos, com yields mais baixos projetados até 2027.

Além disso, uma reprecificação das ações dependeria do avanço em marcos importantes para uma potencial privatização, “algo que consideramos pouco provável”.

Quem aproveitou…

No documento, o BBA recorda que a elétrica mineira foi uma das principais pagadoras de dividendos entre as empresas da cobertura nos últimos anos.

Na bolsa, as ações saltaram mais de 80% nos último anos, muito em função da distribuição recorde de proventos. Só no exercício de 2024, forma pagos cerca de R$ 5,1 bilhões, ou R$ 1,80 por ação.

“Esses valores foram impulsionados por efeitos não recorrentes que reforçaram o lucro líquido e permitiram dividendos extraordinários”, recordam.

Entretanto, a situação mudou de figura: agora, o Itaú projeta yields mais baixos de forma recorrente para os próximos anos: 6,2% em 2025, 6,2% em 2026 e 6,8% em 2027, assumindo um payout de 55%.

Cemig: Vai federalizar?

Outro ponto delicado da Cemig e a privatização.

Promessa antiga do governador do estado, Romeu Zema, até o momento o governo estatual não conseguiu avançar com a venda. Pelo contrário. Em 2023, surgiu a notícia de que a elétrica, junto com a Copasa, poderia ser federalizada para abater as dívidas do estado.

No relatório, o Itaú BBA disse que na recente CEO Conference em Nova York, em maio, o governo de Minas Gerais reafirmou sua intenção de privatizar a Copasa e federalizar a Cemig, após transformá-la em sociedade por ações.

“Tivemos uma reunião com o vice-governador de Minas Gerais, que detalhou os 12 projetos de lei e uma emenda constitucional recentemente apresentados à Assembleia Legislativa do Estado (ALMG). O vice-governador reiterou a intenção do governo de transformar a Cemig em uma sociedade por ações e, posteriormente, federalizá-la”.

O vice-governador explicou que uma federalização completa da Cemig, nas condições atuais, exigiria aporte de capital da União devido aos direitos de tag along e à antecipação de vencimentos de dívidas.

Segundo as regras do PROPAG, esse valor seria descontado do valor de mercado da companhia, atuando como fator negativo para a meta do Estado de reduzir sua dívida.

Probabilidade de privatização da Cemig segue baixa

Já em outubro de 2023, o governo de Minas Gerais protocolou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 24/2023), que elimina a necessidade de referendo popular e de maioria constitucional para aprovar qualquer privatização de estatais.

Pelo texto, bastaria maioria simples dos deputados.

Entretanto, a PEC ainda aguarda votação final na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e tem sido adiada nas últimas sessões.

Além disso, há cerca de um ano, o Estado protocolou dois projetos de lei na ALMG visando permitir a privatização da Cemig e da Copasa, autorizando o Estado a abrir mão do controle financeiro das duas companhias.

“Reconhecemos que a agenda de privatização avançou e que existe maior apetite político, mas os obstáculos seguem relevantes, especialmente considerando o prazo apertado imposto pelo PROPAG e o fato de que 2026 será ano eleitoral. No caso específico da Cemig, o processo tende a ser ainda mais complexo devido à resistência histórica superior à observada em outras estatais”, finaliza o Itaú.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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