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Chama o Max: A Vale está cara?

09 abr 2021, 15:32 - atualizado em 09 abr 2021, 16:25
Max Bohm, analista da Empiricus Research
“Nunca em sua história a Vale havia alcançado um valor de mercado acima de R$ 500 bilhões”, diz o colunista (Imagem: Divulgação/ Empiricus)

Philip Fisher, um dos grandes investidores da história, dizia algo que ia contra a teoria do value investor clássico: “Às vezes, vale a pena pagar um pouco mais para ser sócio de um negócio de alta qualidade”.

Eu concordo com Fisher. Veja o caso da gigante brasileira Weg (WEGE3). Os múltiplos da empresa estão esticados, ok, mas eles sempre foram. É a ação “cara” que fica mais “cara” a cada dia. E por quê?

Porque Weg se reinventa a todo momento. Novos negócios, muita inovação e tecnologia e um case preparado para as tendências futuras: eficiência energética, soluções digitais, energia renovável e mobilidade elétrica.

Além disso, a Weg possui vantagens competitivas importantes, uma marca reconhecida no mundo todo e um potencial de geração de caixa absurdo. A empresa entrega números que geralmente surpreendem, por isso vale a pena investir nela. Weg tem seu valor e este valor só aumenta nos últimos anos e continuará crescendo.

Mas hoje eu não quero falar de Weg, da qual nitidamente sou fã. Hoje eu vou falar de uma outra companhia que tem fundamentos sólidos como a Weg, mas com um adicional interessante: ela está extremamente barata. Uma ação que Graham e Fisher investiriam juntos.

Mas antes quero deixar uma dica para o investidor iniciante. Quando fundamento e timing estão alinhados, a chance do seu investimento ser bem-sucedido cresce exponencialmente.

Momento é muito importante para uma ação. Cenário macroeconômico favorável impactando positivamente nos resultados da companhia é tudo que um sócio de empresa deseja. Esta equação tem uma metáfora: foguete.

Sem delongas, hoje quero falar sobre Vale (VALE3). A ação da gigante brasileira produtora de minério de ferro ultrapassou os R$ 100 novamente nesta semana, atingindo a sua máxima histórica a R$ 104,62.

Sim, nunca em sua história a Vale havia alcançado um valor de mercado acima de R$ 500 bilhões. Esta semana vimos a mineradora colocar jardas à frente de Petrobras, Ambev e Itaú e se manter na posição de empresa com maior capitalização na Bolsa hoje.

Muitas pessoas me perguntaram: Vale está R$ 100, mesmo assim é para comprar?

E eu respondi: claro que sim! Mesmo a R$ 100,00, continua sendo uma das ações mais baratas da Bolsa em múltiplos e vive um momento realmente muito especial.

Vamos analisar o ambiente macro para Vale.

O preço do minério de alta qualidade se mantém acima de US$ 150 com demanda crescente aliada aos fechamentos de capacidade produtiva provocados pela pandemia, que acabaram reduzindo os estoques da commodity a níveis baixos.

Vale
(Imagem: Facebook/Vale)

Dois gatilhos com relação ao preço do minério também são relevantes: a demanda chinesa deve aumentar notadamente, considerando uma expectativa de crescimento do PIB do país de 6,0% para este ano; e o plano trilionário de infraestrutura nos EUA divulgado recentemente pelo presidente Joe Biden, através do qual se pretende construir pontes, estradas, portos e moradias; ou seja, aço “na veia” que consome bastante minério de qualidade (o da Vale).

Dado que os produtos vendidos pela Vale (minério, cobre e níquel), são denominados em dólar, a valorização da moeda americana frente ao real (hoje R$ 5,50) combinada com um volume vendido de 320 mil toneladas de minério este ano pode gerar uma expansão de 40% na receita da companhia em 2021.

Quando analisamos os aspectos microeconômicos, nossa confiança na tese de investimento só aumenta.

Com uma estrutura de custos mais enxuta nos últimos trimestres, a Vale pode entregar um crescimento de Ebitda de 60% em 2021 na comparação com 2020. Mantendo esse ritmo de geração de caixa operacional, a empresa será capaz de entregar um fluxo de caixa livre nos três próximos anos que correspondem a 40% do valor de mercado atual da companhia. É muito caixa gerado!

Esta condição única vai propiciar uma remuneração ao acionista nunca vista antes na empresa.

Na semana passada, a Vale anunciou um programa de recompra de ações da ordem de US$ 4,6 bilhões (mais de R$ 25 bilhões), o que equivale a 5% do valor de mercado. A ação respondeu positivamente no pregão seguinte ao anúncio. Esse movimento da empresa mostra que ao mesmo tempo o management está confortável com a capacidade de geração de caixa da companhia e sinaliza para o mercado que a ação está subvalorizada.

E não para por aí. Depois de ter pagado ótimos dividendos em março, a empresa já indicou que pretende distribuir mais dividendos no segundo semestre de 2021, gerando um dividend yield total de mais de 10% ao ano. É retorno ao acionista por todos os lados.

Ah, Max, e a questão de Brumadinho? A Vale errou feio com Brumadinho e Mariana e tem que pagar pelos acontecimentos. O valor da multa, a ser definida em breve, já está provisionado e o mais importante é que a empresa precisa recuperar a sua imagem perante a sociedade e está trabalhando para isso.

Nos últimos meses, a companhia vem desenvolvendo diversas ações sociais, sempre preocupada em se inserir cada vez mais na temática ESG. A companhia vai mostrar em breve que hoje é mais segura, confiável e respeitosa com a sociedade.

Por isso, amigos, afirmo categoricamente: os astros estão alinhados para a mineradora brasileira e, negociando a 2,8 vezes EV/Ebitda, estamos diante de uma das ações mais baratas do Brasil. Melhor dizendo, do mundo.

Portanto, os R$ 100 da Vale de hoje pode ficar para trás rapidamente e, por que não, vermos VALE3 sendo precificada a R$ 150? Eu acredito.

Fundamentos e timing estão juntos e misturados. Aproveite. Compre VALE3.

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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