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Chama o Max: Uma gangorra chamada Bolsa

13 nov 2020, 12:04 - atualizado em 13 nov 2020, 12:04
“Ou seja, teremos notícias boas e ruins nos próximos meses”, diz o colunista

Ficou meio perdido esta semana? Pois é, falou-se tanto de rotação de portfólio que os investidores ficaram até tontos.

Deixe-me explicar melhor.

Rotação foi a palavra mais usada nos mercados globais esta semana depois que o otimismo tomou conta dos investidores devido ao anúncio de avanços concretos na vacina contra a Covid-19, que está sendo desenvolvida pela empresa americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech.

O mundo decidiu fazer a mesma coisa: vender ações de crescimento, principalmente aquelas ligadas ao setor de tecnologia, que vem sendo destaque de desempenho nos últimos meses, para comprar ações de valor, principalmente dos setores de bancos, shoppings, companhias aéreas e varejo, que haviam ficado para trás em termos de performance no período da pandemia.

Como muito bem definiu o meu amigo Rodolfo Amstalden: vendeu-se o pacote “stay at home” e comprou-se o combo “I want to break free”.

Confesso que até esperava esse movimento mais cedo ou mais tarde. Com a criação da vacina e a consequente distribuição global, reduz-se o risco de uma segunda e terceira ondas, que provocariam novos lockdowns. O mundo estaria livre para retomar o rumo do crescimento (perdido em 2020), e as ações dos setores mais ligados a uma atividade econômica mais pujante seriam beneficiadas.

Acontece que nada é tão simples quanto parece. Ao mesmo tempo que laboratórios divulgam seus avanços nos testes, uma segunda onda está vindo com força na Europa, nos EUA e pode chegar por aqui em breve.

Ou seja, teremos notícias boas e ruins nos próximos meses. Muita volatilidade no ar.

Sabe qual é o resultado deste cenário para a Bolsa? Uma bela gangorra. Vai subir, vai cair e não vamos sair do lugar.

Vacinas, estímulos monetários, novos ares com governo Biden e menos registros de mortes causadas pelo coronavírus do mundo de um lado; enquanto segunda onda, ameaça de contestação das eleições por Trump, lockdown generalizado e recuperação econômica mais tardia do outro.

Por aqui, ainda temos o agravante de uma deterioração fiscal decorrente de imbróglios políticos que podem resultar em uma maior lentidão na aprovação de reformas estruturantes.

Como ganhar dinheiro desse jeito? Uma das expressões que mais escuto ultimamente é: “Tá difícil!”.

Alguns especialistas falam que este foi só o começo de uma grande rotação de portfólio que deve acontecer nos próximos meses e que será catapultada por mais vacinas, a serem anunciadas em breve.

Outros, mais pé no chão, afirmam que há uma incerteza grande quanto ao futuro, e que a pandemia está ainda mais imprevisível; logo, pretendem manter suas defesas no portfólio.

Minha opinião: a beleza do mercado é que você não precisa ser 8 ou 80. Você pode montar a sua carteira no equilíbrio apropriado. Você não precisa escolher um lado. Um mix é a melhor opção.

Quem disse que você tem que rotacionar toda a sua carteira para ações de valor neste momento? Quem afirmou que as ações de tecnologia não vão continuar mostrando forte crescimento com a economia mundial se recuperando?

Na Bolsa, você pode escolher à vontade e encontrar a combinação perfeita do seu portfólio. É como em um restaurante por quilo. Não há certo ou errado; tenha um pouco de cada coisa (ação).

Vejo uma Bolsa operando em bandas. O Ibovespa deve se movimentar entre 95 e 105 mil pontos até que tenhamos algum sinal de calmaria da pandemia e uma vacina seja de fato produzida em larga escala, com plano concreto de vacinação mundial.

O mais sensato a se fazer agora é ter um portfolio misturando ações de valor com ações de crescimento.

Não podemos ignorar o valuation barato dos bancos, shoppings e empresas do varejo. Algumas estão a preços muito atrativos, sendo negociadas a múltiplos bem descontados em relação aos seus preços históricos.

Em paralelo, a mudança nos padrões de consumo é uma realidade e dependeremos cada vez mais da tecnologia e da praticidade que ela nos traz. Posicionar-se em um belo combo tech recheado de Magazine Luiza, Totvs e Sinqia me parece bem interessante. Nesse caso, não olhe para seus múltiplos; veja como estes negócios estão crescendo a taxas excepcionais, ganhando cada vez mais market share e se tornando os maiores vencedores de seus mercados.

Gosto de lembrar sempre: os extremos costumam ser burros. Aproveite as oportunidades quando enxergar certos exageros, tanto para cima quanto para baixo.

Mas esteja sempre posicionado. Nessa gangorra chamada Bolsa ficar atento às oportunidades é sempre a melhor opção.

 

 

 

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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