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China antecipa compras de soja da safra de 2021 dos EUA

08 dez 2020, 11:08 - atualizado em 08 dez 2020, 11:08
Soja
Embora os importadores tenham comprado menos de cinco cargas, as compras ocorreram antes do fim do primeiro trimestre, que seria o prazo típico (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A China está com tanto apetite por soja que começou a comprar suprimentos dos Estados Unidos da safra do próximo ano muito antes do período típico.

O maior importador mundial tem comprado cargas dos EUA ao longo da última na semana, de acordo com pessoas a par do assunto, que não quiseram ser identificadas.

Embora os importadores tenham comprado menos de cinco cargas, as compras ocorreram antes do fim do primeiro trimestre, que seria o prazo típico.

A China acelera as compras de produtos agrícolas dos EUA, do milho à soja, para alimentar o plantel de suínos que se recupera da peste suína africana em ritmo muito mais rápido do que traders e analistas esperavam. A economia do país asiático também se recupera da pandemia de coronavírus, o que ajuda impulsionar a demanda por alimentos.

“Para mim, é uma indicação de que eles têm um grande programa de compras para o próximo ano”, disse Stephen Nicholson, analista sênior de grãos e sementes oleaginosas do Rabobank.

“Os chineses têm compras tão grandes para fazer que precisam começar em algum momento, porque, quanto mais esperam, maior a probabilidade de aumentar o preço para eles mesmos.”

A soja será carregada nos portos dos EUA em outubro, disseram as pessoas, acrescentando que, na segunda-feira, compradores chineses continuaram a pedir mais ofertas de suprimentos para a temporada 2021-22.

Também há especulações de que a China precisará recorrer aos EUA para comprar suprimentos para fevereiro, já que o clima seco atrasa a safra do Brasil, o maior produtor mundial.

A diferença de preço entre a soja brasileira e a dos EUA naquele mês agora é estreita, e é “quase impossível” encontrar ofertas do Brasil para a primeira quinzena de fevereiro, de acordo com a AgResource, de Chicago.

“O atraso na semeadura no Brasil, combinado com o recente clima seco, atrasou a safra e a maturação”, disseram os consultores em relatório, o que traz dificuldades aos exportadores.

“O Brasil tem uma vantagem de qualidade e frete para a China, mas outros importadores mundiais serão estimulados a cobrir suas necessidades de importação de soja com os Estados Unidos”, disse a AgResource.

A China também pode estar preocupada com o impacto que o evento climático La Niña poderia ter sobre as safras quando os estoques brasileiros estão baixos.

“Sem dúvida, é atípico que a China saia tão à frente neste período”, disse Tom Fritz, sócio do EFG Group, em Chicago. “Pode ser um leve hedge contra uma baixa safra brasileira.”

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