China

China começa 2023 sambando, mas contracheque da pandemia é pesado

15 mar 2023, 7:37 - atualizado em 15 mar 2023, 7:37
Atividade na China nos dois primeiros meses deste ano mostram retomada firme com fim das medidas de combate contra covid-19, mas melhora pode estar com dias contados (Montagem/MT)

Os dados de atividade na China nos dois primeiros meses deste ano mostram uma retomada firme da atividade após a reabertura da covid-19. Os números divulgados ontem à noite podem influenciar o comportamento das ações da Vale (VALE3), depois do efeito positivo nas commodities e das bolsas asiáticas.

As vendas no varejo chinês se recuperaram no número agregado de janeiro e fevereiro, com alta de 3,5% no período. O resultado ficou em linha com as expectativas. Em dezembro, houve queda de 1,8% nas vendas, em base anual. 

Além disso, os números deste início de ano sugerem que o comércio varejista chinês reverteu a queda ao final do ano passado e está agora em nível recorde. Porém, segue 18% abaixo do nível pré-pandemia. 

A abertura do dado mostra uma melhora generalizada, com o segmento de restaurantes sendo o mais beneficiado. Também há maior otimismo no setor imobiliário, com as vendas de novas residências aumentando no maior ritmo mensal desde o colapso da Evergrande, em 2021. 

Do lado da indústria, houve ligeira recuperação no crescimento da produção com o fim da política de Covid Zero, passando de 1,3% em dezembro para 2,4% nos últimos dois meses, também em base anual. O número também ficou amplamente em linha com o esperado. 

Já em base mensal, foi o ritmo mais rápido de expansão da indústria chinesa desde setembro. O destaque também ficou com a recuperação no segmento de material de construção.

Por fim, os investimentos em ativos fixos acumulam alta de 5,5% desde o início de 2023, sendo em grande parte impulsionado pela retomada nos gastos com infraestrutura e manufatura.

Em reação aos dados, a Bolsa de Hong Kong fechou em alta de 1,52%, enquanto Xangai avançou 0,55%. Já o contrato futuro do minério de ferro em Dalian fechou em alta de 0,16%. Por sua vez, no pré-mercado em Nova York, os recibos de ações (ADRs) da Vale recuam 0,31%.

China pós-covid: otimismo ou não?

“No geral, os dados sugerem que o fim das interrupções na atividade por causa do vírus levou a uma rápida melhora nas condições econômicas no início do ano”, afirma a Capital Economics (CE), em relatório. Para o diretor de economia da China, Julian Evans-Pritchard, essa recuperação se estendeu até março. 

No entanto, essa recuperação provavelmente se estabilizará assim que o impulso inicial da reabertura passar. Ainda assim, o diretor da CE avalia que o início de ano animador e a fraca base de comparação em relação ao ano passado sugerem um crescimento econômico de 5,5% neste ano.

Vale lembrar que a meta do governo chinês para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de “ao redor de 5%”. Portanto, esse impacto positivo pode estar com os dias contados.  

Para a economista-chefe para Ásia-Pacífico, Alicia Garcia Herrero, avalia que a economia da China pós-covid enfrenta uma desaceleração estrutural.  Por isso, ela avalia que o crescimento continuará “escasso”. Isso porque mesmo com a recuperação do consumo, a demanda externa continua fraca.

“Além disso, a pressão do governo por uma mudança estrutural da economia ainda está em curso”, emenda Alicia. A economista se refere a medidas regulatórias mais rígidas para conter o risco financeiro e o objetivo de alcançar metas mais sociais.

“O crescimento sustentável tornou-se um conceito-chave na nova narrativa econômica da China”, diz. Ou seja, a meta de crescimento de cerca de 5% em 2023 é consistente com os atuais desafios enfrentados pela economia chinesa, bem como com os objetivos mais diversificados do governo de maior qualidade do crescimento econômico.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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