China comprará 12 milhões de toneladas de soja dos EUA nesta temporada, diz Bessent
 
						O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse nesta quinta-feira (30) que a China concordou em comprar 12 milhões de toneladas métricas de soja americana durante a temporada atual, que vai até janeiro, uma queda em relação às 22,5 milhões de toneladas da temporada anterior, após uma longa disputa tarifária que suspendeu todas as compras da safra atual dos EUA.
Bessent afirmou que a China também se comprometeu a comprar 25 milhões de toneladas anuais nos próximos três anos, como parte de um acordo comercial mais amplo com Pequim, após a reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul.
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A queda na demanda chinesa custou aos agricultores americanos, um pilar-chave da base política de Trump, bilhões de dólares em vendas perdidas, com o novo acordo representando um retorno à normalidade no comércio com o principal importador de soja dos EUA, que comprou em média 28,8 milhões de toneladas nas últimas cinco temporadas agrícolas (de setembro a agosto).
“Nossos grandes produtores de soja, que os chineses usaram como peões políticos; isso acabou e eles devem prosperar nos próximos anos”, disse Bessent em entrevista na Fox Business Network.
O acordo, negociado na Malásia no fim de semana, pode ser assinado já na próxima semana, afirmou ele.
Bessent também disse que outros países do Sudeste Asiático concordaram em comprar mais 19 milhões de toneladas de soja americana, mas não especificou o prazo nem quais nações estariam envolvidas. Importadores asiáticos fora da China têm comprado entre 8 e 10 milhões de toneladas por ano nos últimos anos, segundo dados de comércio do Census Bureau dos EUA.
O contrato de soja mais negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) reverteu perdas e fechou em alta de 1,2%, no maior nível em 15 meses, a US$ 11,07¾ por bushel.
Os preços de exportação da soja americana subiram US$ 20 a US$ 30 por tonelada nesta semana, à medida que exportadores antecipavam que o encontro entre Trump e Xi geraria nova demanda.
Três cargueiros de soja, cerca de 180 mil toneladas, foram vendidos à estatal chinesa Cofco na véspera da cúpula.
“Esses compromissos de compra chineses não são números inalcançáveis, mas também não sustentam a ideia de uma expansão significativa do nosso programa de exportação de soja”, disse Ted Seifried, estrategista-chefe de mercado da Zaner Ag Hedge.
Alívio no cinturão agrícola
Os grupos agrícolas americanos celebraram os acordos após a dura guerra comercial de Trump, que reduziu em US$ 24,5 bilhões o valor das exportações de soja no ano passado.
Os produtores já estão quase concluindo a colheita do que deve ser a quinta maior safra da história dos EUA.
A falta de demanda chinesa pressionou a renda das fazendas americanas, já que os preços das commodities agrícolas permaneceram próximos das mínimas de vários anos, enquanto custos de fertilizantes, sementes, mão de obra e equipamentos aumentaram.
“Este é um passo significativo para restabelecer uma relação comercial estável e de longo prazo que traga resultados para as famílias agrícolas e para as futuras gerações”, disse Caleb Ragland, presidente da Associação Americana dos Produtores de Soja e agricultor do Kentucky.
O acordo com a China foi firmado depois que Trump garantiu pactos agrícolas e acordos preliminares com outras nações asiáticas.
“Expandir mercados e restaurar as compras chinesas trará alguma previsibilidade aos produtores que estão lutando para sobreviver”, afirmou Zippy Duvall, presidente da Federação Americana de Escritórios Agrícolas (Farm Bureau).
China diversifica compras de soja
Trump escreveu em uma publicação nas redes sociais, após seu encontro com Xi, que o líder chinês autorizou a compra de grandes quantidades de soja, sorgo e outros produtos agrícolas americanos.
A secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, elogiou os comentários de Trump sobre soja e sorgo em uma postagem em rede social.
Mas Even Rogers Pay, diretora da Trivium China, com sede em Pequim, disse que o acordo basicamente representa um retorno ao padrão histórico das exportações de soja dos EUA para a China.
“O acordo prevê um nível de comércio que tem sido bastante consistente nos últimos anos”, afirmou.
Já Johnny Xiang, fundador da consultoria AgRadar Consulting, também baseada em Pequim, disse que os compradores comerciais ainda aguardam detalhes, como se a China reduzirá a tarifa sobre a soja americana de 20% para 10% ou a eliminará completamente.
“Se a tarifa não for totalmente suspensa, os compradores comerciais terão pouco incentivo para adquirir soja dos EUA”, afirmou.
A China, maior compradora mundial de soja e principal mercado dos agricultores americanos, havia transformado seu apetite por grãos americanos em uma poderosa arma de barganha durante a guerra comercial.
Enfrentando tarifas de 23% sobre a soja, após rodadas de retaliações bilaterais, os compradores chineses evitaram a colheita de outono dos EUA, voltando-se para fornecedores sul-americanos.
Desde a guerra comercial do primeiro governo Trump, a China diversificou suas fontes de importação.
Em 2024, o país comprou cerca de 20% de sua soja dos Estados Unidos, em comparação com 41% em 2016, segundo dados da alfândega chinesa.
 
							 
				 
				 
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