China estende mais uma vez investigações para carne bovina; o que muda para o Brasil?
A China prorrogou sua investigação sobre as importações de carne bovina por mais dois meses, dando aos fornecedores globais uma suspensão temporária mais longa das possíveis restrições comerciais, enquanto a indústria nacional luta contra um excesso de oferta.
A investigação agora se estenderá até 26 de janeiro de 2026. Essa é a segunda vez que a Ministério do Comércio prorroga a investigação que iniciou em dezembro de 2024. Em agosto, a China já havia prorrogado a revisão por três meses.
Fernando Iglesias, analista de proteína na Safras & Mercado, explica que a prorrogação das investigações gera um alívio momentâneo no mercado do boi no Brasil.
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“A China tem comprado muito nos últimos meses, mas é só um alívio momentâneo. Enquanto os chineses não baterem o martelo em relação aos impactos dessa decisão final, o mercado ficará especulando sobre qual decisão eles vão tomar, seja por cotas ou tarifas adicionais. Janeiro pode ser um mês de muita especulação no mercado futuro por conta disso, assim como foi novembro”.
Para Iglesias, também é preciso acompanhar como EUA e o União Europeia irão entrar no mercado brasileiro para realizar compras. “Isso pode reduzir nossa dependência com a China. Soma-se isso a tão esperada abertura de mercado para o Japão”, comenta.
Vale lembrar que o presidente dos EUA, Donald Trump, removeu tarifas de 40% sobre carne bovina, café e suco de laranja brasileiros na semana passada.
E os frigoríficos?
Para a XP Investimentos, a decisão da China de prorrogar a investigação reforça o cenário atual de oferta e demanda apertada para a proteína bovina.
“Vemos o anúncio como positivo para todos os frigoríficos sob nossa cobertura, especialmente para a Minerva Foods (BEEF3) dado seu maior grau de exposição ao mercado chinês. As operações da JBS (JBSS32) na Austrália e no Brasil e a operação S.A. da MBRF (MBRF3) também devem se beneficiar, ainda que com menor representatividade”, veem Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.
Embora o anúncio sugira um cenário construtivo para os frigoríficos brasileiros, eles destacam que a notícia também tem um lado negativo, já que a incerteza tende a criar gargalos nas negociações.