Internacional

China investe US$ 1 bilhão em universidades dos EUA; Harvard é maior beneficiária

06 fev 2020, 10:49 - atualizado em 06 fev 2020, 10:50
Cerca de 115 faculdades receberam doações em dinheiro, contratos ou ambos de fontes da China continental no período de seis anos e meio até junho (Imagem: Victor J. Blue/Bloomberg)

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China aumentam a cada ano, levando o governo Donald Trump a rotular o país asiático de “ameaça para o mundo”. No entanto, desde o início de 2013, o valor de doações e contratos da China para universidades dos EUA alcança quase US$ 1 bilhão.

Cerca de 115 faculdades receberam doações em dinheiro, contratos ou ambos de fontes da China continental no período de seis anos e meio até junho, segundo análise de dados do governo dos EUA pela Bloomberg.

A principal beneficiária foi a Universidade Harvard, que recebeu US$ 93,7 milhões, a maioria como doações. A Universidade do Sul da Califórnia e a Universidade da Pensilvânia ficaram em segundo e terceiro lugares.

A China e seus cidadãos agora têm maior peso nos campi dos EUA, mesmo quando o presidente Trump trava uma guerra comercial contra a segunda maior economia do mundo. O país asiático foi o maior contribuinte no período depois do Catar, com US$ 1,8 bilhão, e do Reino Unido, com US$ 1,1 bilhão.

Os laços mais estreitos podem estar ameaçados após a prisão de um professor de química de Harvard acusado de mentir sobre suas conexões com a China e de ocultar pagamentos recebidos de uma universidade chinesa.

“A China é uma ameaça ao mundo em certo sentido, porque está construindo um exército mais rápido do que qualquer um e, francamente, está usando dinheiro dos EUA”, disse Trump a repórteres em conferência de imprensa em setembro passado, enquanto discutia o comércio global com o primeiro-ministro da Austrália.

A prisão da semana passada ocorre quando os EUA tentam combater o suposto roubo de propriedade intelectual e espionagem corporativa orquestrados por Pequim. As políticas do governo Trump já diminuíram o fluxo de estudantes chineses.

Ainda assim, o número de estudantes chineses em faculdades norte-americanas quase triplicou ao longo de uma década. A China responde por 30% dos 1,1 milhão de estudantes estrangeiros, segundo dados de 2018-19 compilados pelo Instituto de Educação Internacional.

As escolas têm procurado fontes globais para preencher vagas e conseguir recursos diante dos cortes do governo.

“Quando você tem 370 mil estudantes da China vindo para cá, há muitas conexões pessoais entre instituições norte-americanas e ex-alunos e instituições acadêmicas chinesas”, disse Nate Johnson, consultor independente que trabalha com autoridades estaduais e universitárias em questões orçamentárias.

Os EUA têm coletado dados sobre vínculos entre outros países e faculdades há mais de 30 anos. O congresso buscou o equilíbrio entre “liberdade acadêmica e segurança nacional” obrigando a divulgação de contratos ou doações de qualquer fonte estrangeira no valor de US$ 250 mil ou mais em um ano-calendário, de acordo com o Departamento de Educação.

Assim como o governo dos EUA expressou preocupação com a inteligência e a influência chinesas nas universidades, o mesmo aconteceu com autoridades do Reino Unido. A Universidade de Oxford parou de aceitar financiamento de pesquisa ou filantropia da gigante chinesa de telecomunicações Huawei Technologies no ano passado.

Os EUA querem coletar mais informações sobre recursos estrangeiros para faculdades e pedem melhores dados. No ano passado, tornou-se aparente que existe “uma não conformidade generalizada em universidades dos EUA”, segundo um porta-voz do Departamento de Educação.

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